perder o pé

acordei mais tarde
vi o vazio cru do teu quarto
plantei poesia nos teus olhos
fechaste-os:
primeiro um
depois o outro
lentamente, bebeste cada verso com sofreguidão
cada ponto teu é um trecho de amor
em curtas películas de uivos à lua
e uma língua macia em percursos escondidos;
noutros tempos queimava vidas
cocaína
doces luxúrias de quem rega o jardim com mágoa
e lágrimas de ofensa
não sei que vidas essas
um erro simples que todos e todos cometem
amar sem dar;
fixei o afecto à pele
incandescente perfume de mãos absorvidas de ti