QUARTO MINGUANTE

Numa encantadora casa encantada
Um pedido de abraço cochichado.
De silêncios e vibratos apimentado
em novelo de carne esmiuçada.

Esgueirou-se de todos os obstáculos.
Estreitando afectos, laços a ilhozes,
colaram-se. Nisto calaram-se as vozes.
Permaneceram estáticos os incautos.

Quando falado já enlaçado o abraço
Electrizante de tão desejado.
De ambos os lados… Tão apertado…

Um abraço relevantemente importante.
Entre os corpos rasgos em avalanche.
Bateria encharcada, motor aos engasgos.

Soltamente a serpente enleia-se à maçã.
Teias elípticas, sangue dos amantes.
Adão e Eva, no caminho dos errantes,
comutam energia nesta vida vil e vã.

E volta a sentir-se de corpo fechado.
Suado…
Chorado…

… … …

Mimos trocados na vontade de um beijo
foram cruzados, roçados na pele,
ensaiados perto da boca, num farejo.
Um adeus desprendidamente preso.

Numa noite de um frio gélido,
Sem cara nem corpo ou gente,
faces que se roçam, beijos que endossam
o retirar do espinho por precisar urgente.

A construção do instante,
Aquele apertar vibrante…
A braços com o enlace inominado
Em noite de lua quarto minguante.