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A (quase) eterna leveza dos malmequeres

Ultimamente parece que toda a gente me dá trocos para me ver morrer,
Que os quiosques estão abertos até mais tarde à espera para acrescentar o meu nome aos jornais da manhã.

Perdi a conta às vezes que a cocaína me tentou fazer esquecer o que é amar,
O que é depender de alguém para nos levantarmos do chão e ir comprar um maço de cigarros.

Se pudesse enchia esta colher só com as coisas de que não me arrependo,
Dava-lhes com o isqueiro por baixo para as ter à temperatura do presente e vivia só delas.

Como são leves os malmequeres…

Já não magoam as sombras dos prédios, dão para outro lado das ruas,
Ou sou eu que já não as vejo, de qualquer forma já não magoam.

Posso pensar em ti e até não sentir quase nada,
Ainda que esteja tudo tão rápido que por vezes não te reconheço.

(Já vos disse como são leves os malmequeres?)

E as mãos nem parecem as minhas, estão quietas e a dormir debaixo das pernas,
Talvez precisassem disto mais do que eu, elas que te conhecem tão bem.

Sei que é tarde demais para elas, para mim, mas isso nem sequer importa mais,
Se todo o amor fosse assim o mundo estaria salvo.

É mesmo um bom dia para me deixar adormecer, é que há néones nas nuvens a fazer de estrelas,
E dá para ficar a sonhar, a sonhar e a sonhar para sempre com a eterna leveza dos malmequeres…

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quarta-feira, junho 23, 2010 - 20:42

Poesia :

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jopeman

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Comentários

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Re: A (quase) eterna leveza dos malmequeres

A tristeza, a química emoção, a parilisia de um pensamento veloz, mais rápido o coração...
E os malmequeres, suaves a esvoaçar os desejos que não nutrem, e a mesa e a colher...a saudade, a mulher, a busca nos quiosques, o que só há nos bosques...
Lindíssimo, favoritos.

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