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Rimas Enviesadas

Mais um ano, mais um dia destes, mais de mim, mais de ti,
Que tenho eu para te dizer?
Que promessas fugazes de amor e paixão,
De gritos, luxúria, palavras, ternuras e lamentos,
De tanto, tanto que existe em nós e que eu nem sei escrever?
Nem sei relatar porque não experimentei, nem sequer vi,
Não sei ver, observar, porque vejo perto, mas longe do coração,
Porque fecho mesmo os olhos, não querendo ver todos os momentos.
Que tenho eu para te oferecer senão tormentos,
Senão distância, senão mutismo, senão tristeza, senão..
..tentar sequer que será de nós?
Um para ali, outro acolá, e sem um meio que nos acuda.
Mais um dia entre tantos que vem e vão,
Entre os rumores das nossas vidas que nem vivemos,nem damos voz,
Nem tampouco permitimos que a mão do outro nos dê a ajuda.
Meu Deus, será mesmo assim?
Contar os dias pelo fio esparso de um ralo d’água?
Deixar fugir por entre os dedos mal fechados,
O ténue, mas aconchegante meio de estar vivo..
Rebentam estas palavras na minha alma. Estar vivo sim!
Estar aqui, presente, sem maldade, dor ou mágoa,
Sem contar seja o que for, sem pensar, sem sobrolhos carregados,
Sem ser o ignóbil rastejante, ou o orgulho altivo,
Sem acenar com a cabeça num constante assentir de sim,
Sem bater o pé zangado e afundar tudo na ronha do não!
Sem paz, sem calma, sem paragens de quatro meses, sem deixar de existir,
Sem querer ficar, por querer ficar sem querer,
Sem quanto muito ser o teu apoio porque bem sei que não sou,
Sem poder me afastar como se fosse eu apenas,
Sem isto nem aquilo, nem aquilo mesmo que por vezes te faço temer.
Sem apelo nem agravo, nem agravo, te digo, pois que mais te posso eu dizer?
Que mais se pode descrever em três ou quatro palavras de cor,
Que nem sequer chegam a ser um ínfimo rastilho de descrição,
Nem queimam nem fazem arder,
Nem soluçam de tristeza, nem riem de alegria.
Este é pois assim, mais um, mais um dia..
Mais um interminável chorrilho que me deu para escrever,
Mais um pingo, ou não, de inspiração, que me passou pelo coração,
E termina aqui num ponto que é final, numa rima que é de amor!
 

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terça-feira, fevereiro 22, 2011 - 16:55

Poesia :

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neomiro

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