Só

Na azafama individualista da multidão, passeio por caminhos destinados a encruzilhadas adversas de sentimentos ocultos. Perco e refugio-me nela, sem saber, sem sentir, sem pensar, sem ter…
Abro os olhos, vejo-me perdida, sem uma irrecusável mão que me guie e conforte, por entre a individualidade confusa de pertencer a um todo mas como um uno.
Só, percorro as lojas, as avenidas, os caminhos, o tempo? O tempo perde-se numa rotina cega que sou, faço, penso, sinto. Não tenho tempo? Tempo de pensar, de ser, de amar, de sentir?
Nesta atrapalhação de loucos indigentes e trastes individualistas, não há tempo para dar amor, sentir, pensar, ouvir, ver….
Sozinha, acordo na multidão, na qual reconheço que estou inevitavelmente presa, num mundo em que existo para estar só. Disparo em todas as direcções, rebelo-me contra tradições, lugares comuns, o que inevitavelmente acontecerá, com o passar do tempo, dizem. Recuso-me a ser uma produção em série de estereótipos enraizados nas crenças individualistas de uma sociedade cercada de egoísmo e deslealdade colossal. Remo contra a tempestade. Sinto-me cansada…estou só.
Ano 2010

Blondie