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SEREI CARNE OU ESPÍRITO?

Serei carne ou espírito?

 

 

Ancorei no chão quando nasci,

Vim do nada materializei-me e cresci,

Mas não fiquei com eternidade,

O tempo contabilizou-me a idade,

Desde que saí de um ventre materno,

Mas sentenciado que não serei eterno.

 

Neste chão fiquei e nele serei esquecido,

Crescendo com um mundo prometido,

Que é só meu apenas dentro de mim,

Cheio de ilusões que ainda não as perdi,

Pois são elas que me fazem ir vivendo,

Com a certeza que lentamente vou morrendo.

 

Transcender as minhas fronteiras da vida,

É como se fosse apenas uma folha caída,

Pois deste chão onde nasci nunca mais sairei,

Mas nele serei vencedor e derrotado eu sei,

Mas a ambição que nasceu dentro de mim,

Me faz acreditar que vivo e já venci.

 

Vou vivendo com realidades e fantasias,

Mas também com tristezas e alegrias,

Pensando no meu universo tão restrito,

No meio de um outro que dizem que é infinito,

Olhando para o céu numa noite de estrelas,

Lá não posso chegar, apenas posso vê-las.

 

Eu sei quem sou desde que aqui cheguei,

Com a certeza que nasci e aqui morrerei,

Entre o nascer e o morrer continuo aprendendo,

Enquanto aqui estiver ancorado mas desconhecendo,

O que está para além de mim neste infinito,

Por isso, penso que nada sei e fico restrito.

 

Sei que nada sei mas estou sempre imaginando,

Que estou num espaço tão pequeno sonhando,

Que no chão onde estou eu tenho de lutar,

Porque me deram vida e tenho de a pagar,

Para quê tanto esforço se no fim sou derrotado,

E depois esquecido e ninguém sabe que fui nado.

 

 

 

Tavira, 23 de Fevereiro de 2012-Estêvão

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quarta-feira, dezembro 31, 2014 - 11:14

Poesia :

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José Custódio Estêvão

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