Solitário Totem

He la hai ê, he la hai ê

He laiá, he laiá

O ar das pradarias adentra meus olhos

morrendo e nascendo em sua dança invisível

soprando em minha alma o susurro de dez mil sábios

que a muito se foram, mas nunca se vão.

Sonho com o dia em que pares

com o dia que finalmente dês um tempo.

Sonho com o dia que olharás teu reflexo no lago meditante,

e então verás a vida apenas vivendo.

Um dia olharás para o céu

e verás a águia vermelha que voa sozinha

verás a nuvem sob o céu de fogo no fim da tarde

e infitita beleza de uma noite infinita.

Lembrarás de quando socastes o chão até sangrar os punhos

Quando reencontrares tua inteligência perdida.

Depois de tanto percorrer vales e vales de estupideza infindos

Encontrarás o que procurastes a vida inteira.

Pelo tanto que me machucastes

a qualquer momento de perdoaria.

Não faz parte de minha natureza punir-te

mesmo que quisesse, não precisaria.

Já tens machucado a tí mesmo

aos teus irmãos

ao teu chão e ao teu ar!

Tudo por causa da ignorância!

Meus irmãos estão todos mortos

Mas nunca deixo de ouvir suas vozes.

Eles já te perdoaram,

pois do muito que achas saber, pouco entendes.

Sonho com o dia que retornarás

como o lobo perdido que retorna ao seu bando

Dançaremos sob a luz da lua e da fogueira

Chamaremos o trovão e a tempestade de vez em quando

Tamanha seria nossa alegria

Por sermos um novamente

Vivendo em harmonia

Sem dor, desespero e ilusão.