SOU EU E NADA SOU

SOU EU E NADA SOU

Eu sou da terra, sou do mar, sou do vento,

Sou das estrelas e até sou do firmamento,

Sou da luz, sou do Sol, sou da grande Lua

Mas, nunca esquecerei que sou da minha rua.

Sou do ar que respiro, sou filho da Natureza,

Sou de todas as flores  e até admiro a sua beleza,

Sou do meu eu, sou pai e também sou filho.

Sou do bem, sou do mal e não sou empecilho. 

Sou do mundo, sou do céu e de onde sou nem sei,

Sou da verdade, sou da justiça e até sou da grei,

Sou do homem, sou da mulher e até sou uma  criança,

Sou fruto maduro ou verde e também sou da esperança.

Sou o que sou, sou tudo e até sou da fauna, sou da flora

Sou amigo, sou inimigo, mas não me quero ir embora,

Sou do alto, sou do baixo e aos meus olhos pertenço,

Sou de abraços, sou de beijos e por isso eu venço.

Sou mestre, sou aluno, sou da vida, não sou de ninguém,

Sou o que quero ser e o que não quero sou também,

Sou forte, sou fraco, sou de todos a quem amo,

Sou dono de mim mesmo e às vezes também me tramo.

Sou artista, sou do nada, sou do além e até sou actor,

Sou do vinho, sou da água e até sou de um grande amor,

Sou isto, sou aquilo, posso ser tudo o que quiserem,

Sou das palavras, e até, sou dos que não me querem.

Sou magro, sou gordo, sou da alegria e também sou da tristeza,

Sou do pai, sou da mãe e até sou amante da Natureza,

Sou de ontem, sou de hoje e também sou do amanhã,

Sou mau, sou bom, sou tudo e até sou da vida campeã.

Sou da sorte, sou do azar, e principalmente do ar que respiro,

Sou da noite, sou do dia e do lado para onde me viro,

Sou alguém, sou ninguém e até sou de um simples sonho,

Sou da arte, sou da ciência, sou dos versos que componho.

Sou amarelo, sou branco, sou vermelho e também sou preto,

Sou de todas as cores e contra as cores nunca me meto,

Sou nobre, sou plebeu, sou bonito e também sou feio,

Sou grande, sou pequeno, sou e serei sempre do meu meio.

Sou da cidade, sou da vila, sou aldeia ou de qualquer terra,

Sou da tempestade, sou da bonança e até da lamentável guerra,

Sou corpo, sou alma, sou do céu e até sou do inferno,

Sou político, sou teísta, sou ateu, sou do Verão e do Inverno.

Sou da Primavera, sou do Outono ou de qualquer estação,

Sou das minhas pernas, dos meus braços e do meu coração

Sou da neve, sou das pedras, sou dos caminhos, sou do nevoeiro

Sou de perto, sou de longe e até sou do mundo inteiro.

Sou juiz, sou julgado, sou da pobreza e também da riqueza,

Sou lixo, sou do certo, do errado sou calor e até sou da frieza,

Sou comandante sem homens, sem barco e sou do meu mandar,

Sou acima de tudo um ser humano que nasceu para amar.

Sou da vida, sou do silêncio, sou da solidão e também sou da morte,

Sou dos relâmpagos que riscam o céu, sou da chuva e do bom porte,

Sou dos tornados e furacões que assolam a Terra, e do céu cinzento,

Sou do azul do céu, sou dos vencidos, dos vencedores, assim penso.

Depois de tanto ser, sou tudo, sou nada e até sou do amanhecer,

Só sei que ando cá, que ando lá e que um dia vou morrer,

E assim acabo de escrever tudo o que sou e tudo o que não sou,

E por isso fico por aqui, depois de saber que aqui ainda estou.

2007-Estêvão