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Testo o testamento onde não morri
enquanto na torre do castelo
a rainha beija o camaleão.
Dou brilho ao chão que piso com uma pena de canário
Degolado pelo rei certeiro,
apoiado por uma multidão.
Testo o testamento onde não morri.
Inseguro vejo bailar a aia com um freio na face
e um destino feito à medida de sonhos
que nunca quis que lhe pertencessem.
Escondo-me no manto à espera do carrasco
que um dia me segredou a teia da sua vida
com recortados pormenores de malvadez.
Testo o testamento onde não morri.
Sem dó nem piedade todos assistem ao meu fim
quando a lâmina me atravessa a laringe
e a cabeça rola pela madeira enevelhecida.
Deixei os meus bens ao amor da minha vida
mas ela abandonou-me nas palavras ditas
e em promessas infinitas que não cumpriu.
Testo o testamento onde não morri.
Levou-me o coração.
Esqueceu-se dele a meio do caminho.
Fiquei sozinho no leito da morte.
Abro olhos ofegante.
Coração morto que bate.
O rolo preso com a fita continua na gaveta...
(És estrela que brilha em mim)
Foi só pesadelo. Gostas de mim.
Saudade imensa.Não estás.
Mas eu também não morri.
rainbowsky
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Comentários
Re: Testo o testamento onde não morri
A magia e a fantasia da tua bela poesia.
Dou cor à lâmina que me há-de decapitar
enquanto na torre do castelo
a rainha beija o camaleão.
Gostei imenso Rain
Abraço
Nuno
Re: Testo o testamento onde não morri
Felizmente, não passou de um pesadelo.:-)
Tu consegues fazer brilhar a dor e a revolta em poesia!
Beijinho
Carla