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TUDO DE BOM

É ,
deixa que eu veja a vida
em sua verve esplendorosa, maravilhosa, dadivosa.
Não! Não quero atentar para a morte,
em sua face apavoradora;
em sua sanha aniquiladora.
Eu sei que a terra me espera aniquiladora
da minha carne que consumirá aos vermes,
ou seja em cinzas transformadas pelo fogo;
que sobre esse mesmo chão rastejam serpentes,
que nos acometem com seus venenos letais.
Mas prefiro voltar meus olhos para o céu.
Não o céu do assombroso aspecto,
quando torna-se disforme
em cinzas escuros e brancos maculados,
em estampa tenebrosa
e de movimentos sinistros,
pelos ventos confusos invernais;
nem o céu de figuras apavorantes
que se formam de fumaças
ante nosso ser espantado
e fragilizado no ermo do mundo,
caminhando ao desabrigo;
muito menos o céu que se explode
em raios mortais
no horripilante e pavoroso
barulho de trovões,
mas aquele do sol fulgurante,
que irradia o mais belo azul
e o mais branco alvor das nuvens;
mas o céu das estrelas cintilantes,
da lua rebrilhante.

Eu quero manter os olhos postos no mar.
O mar das ondas suaves,
das velas brancas,
das cores deslumbrantes,
do horizonte belo.
Eu sei que o mar
nos pode remeter a tétricas visões,
de águas revoltas em tempestades;
de naus naufragadas;
de apavorantes presas
e malévolos olhos de tubarões;
de corpos afogados a boiar.
Mas prefiro ter só à minha visão
o mesmo suntuoso mar ,
do distintivo azul, das tranqüilas águas.

A cidade grande é fascinante, sim,
em seus prédios insensíveis e estonteantes;
em seu asfalto da mais áspera dureza;
em seu trânsito azucrinado, louco, fatal;
em sua profusão de multidões em movimento e pressa.
É admirável o quanto o homem é capaz,
como ser que é.
Mas eu prefiro ter meus olhos voltados para o campo,
das matas de variadas matizes de verde;
das flores das belas borboletas;
dos passarinhos de maviosos cantos.

É claro que há pesadelos, desencantos, desesperanças,
que consequentemente há
corações fechados e endurecidos.
Eu prefiro estar sintonizado nos lindos sonhos
de desejos realizados; de anseios alcançados;
dos corações abertos e repletos.
Eu tenho os olhos votados para a aurora,
das folhas, das plantas viçosas molhadas de orvalho;
dos primeiros pios dos pássaros.
Nada de tarde vazia, de tédio e mormaço;
de tristeza a se estender ao crepúsculo melancólico.
Quero o dia, do encanto da flamejante luz
que irradia exultante.
Que nada de noite de denso breu aterrador.
Que fiquem meus olhos postos na luz
A invadir-me pelos olhos o corpo e a mente,
Iluminando-me o coração e os pensamentos,
não na escuridão que os façam sombrios.
Quero meus olhos voltados para o amor.
Seja o amor de Cristo, dos bons, dos animais, das crianças;
dos corações resplandecentemente sedutores.
Não quero nada de saber que existe a guerra,
das ideologias, das fardas, das bandeiras,
das facções, das vinganças;
dos corações armados a envolver, a intimidar...

Deixe meus olhos voltados para o som
das notas musicais em doces e harmoniosas palavras.
Não quero saber do silêncio das bocas tolhidas
e comprimidas em constrangida mudez.
Quero sentir em mim só o bem,
da beleza, da candura, da fonte do prazer;
dos rebrilhantes anjos.
Não quero saber do mal,
da vileza, da ardilosa maldade.
Quero meus olhos lançados não para o ruim,
mas para o que é bom.
Não, não quero saber de lágrimas,
mas sim do vasto e poderoso sorriso.
Não , não quero mais ver, nem sentir
o negativo, o ruim , o feio.
Não, não mais.

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terça-feira, junho 28, 2011 - 19:14

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Hílton Neiva Jácome

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