CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Um despertar (Octavio Paz)
Estava emparedado dentro de um sonho,
Seus muros não tinham consistência
Nem peso: seu vazio era seu peso.
Os muros eram horas e as horas
Fixo e acumulado pesar.
O tempo dessas horas não era tempo.
Saltei por uma fenda: às quatro
Deste mundo. O quarto era meu quarto
E em cada coisa estava meu fantasma.
Eu não estava. Olhei pela janela:
Sob a luz elétrica nem uma viva alma.
Reflexos na vela, neve suja,
Casas e carros adormecidos, a insônia
De uma lâmpada, o carvalho que fala solitário,
O vento e suas navalhas, a escritura
Das constelações, ilegíveis.
Em si mesmas as coisas se abismavam
E meus olhos de carne as viam
Oprimidas de estar, realidades
Despojadas de seus nomes. Meus dois olhos
Eram almas penadas pelo mundo.
Na rua vazia a presença
Passava sem passar, desvanecida
Em suas formas, fixa em suas mudanças,
E em volta casas, carvalhos, neve, tempo.
Vida e morte fluíam confundidas.
Olhar desabitado, a presença
Com os olhos de nada me fitava:
Véu de reflexos sobre precipícios.
Olhei para dentro: o quarto era meu quarto
E eu não estava. A ele nada falta
- sempre fiel a si, jamais o mesmo -
ainda que nós já não estejamos...
Fora
contudo indecisas, claridades:
a Alba entre confusos telhados.
E as constelações que se apagavam
Octavio Paz, poeta mexicano, tradução por António Moura.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1869 leituras
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditação | Aninha e suas pedras (Cora Coralina) | 0 | 2.262 | 02/15/2011 - 13:31 | Português | |
Poesia/Alegria | A Canção da Areia | 5 | 923 | 02/15/2011 - 12:22 | Português | |
Poesia/Acrósticos | Terra Brasilis | 4 | 3.055 | 02/15/2011 - 12:20 | Português | |
Poesia/Meditação | Saber Viver (Cora Coralina) | 3 | 1.803 | 02/15/2011 - 12:16 | Português | |
Poesia/Intervenção | Peregrino | 4 | 616 | 02/15/2011 - 12:13 | Português | |
Poesia/Meditação | Vida moderna: sonho ou pesadelo? | 4 | 1.005 | 02/15/2011 - 12:11 | Português | |
Poesia/Meditação | Canta teu canto, sempre! | 2 | 758 | 02/14/2011 - 20:02 | Português | |
Poesia/Meditação | Afinal, buscamos a paz? | 3 | 641 | 02/14/2011 - 19:59 | Português | |
Poesia/Amor | Fala Coração | 4 | 638 | 02/14/2011 - 19:53 | Português | |
Poesia/Amor | À Menina de Meus Olhos | 1 | 1.533 | 02/14/2011 - 19:51 | Português | |
Poesia/Amor | Quando na noite... | 1 | 953 | 02/14/2011 - 19:46 | Português | |
Poesia/Meditação | Um Jesus de palavras... sem armas | 2 | 2.342 | 02/12/2011 - 01:12 | Português | |
Poesia/Meditação | Silêncio do outono | 2 | 1.201 | 02/12/2011 - 01:09 | Português | |
Poesia/Amor | Males * | 1 | 774 | 02/12/2011 - 01:06 | Português | |
Poesia/Desilusão | Cerimonial * | 1 | 519 | 02/12/2011 - 01:01 | Português | |
Poesia/Meditação | Na mesma margem da rodo-vida | 1 | 1.272 | 02/12/2011 - 00:58 | Português | |
Poesia/Haikai | Razão de Viver | 1 | 1.024 | 02/12/2011 - 00:53 | Português | |
Poesia/Meditação | Consciência cósmica | 3 | 1.005 | 02/11/2011 - 00:31 | Português | |
Poesia/Soneto | A curva do rio | 3 | 1.427 | 02/11/2011 - 00:29 | Português | |
Poesia/Amor | Luz de cada dia... | 3 | 1.561 | 02/11/2011 - 00:28 | Português | |
Poesia/Amor | A razão de ser da rosa | 2 | 1.268 | 02/11/2011 - 00:26 | Português | |
Poesia/Meditação | O tempo passa | 4 | 2.277 | 02/11/2011 - 00:23 | Português | |
Poesia/Meditação | Jogos de azar ou sorte | 4 | 1.300 | 02/11/2011 - 00:21 | Português | |
Poesia/Acrósticos | Casa de Deus | 2 | 1.749 | 02/10/2011 - 16:19 | Português | |
Poesia/Intervenção | Deixando pelo caminho | 1 | 407 | 02/10/2011 - 16:17 | Português |
Add comment