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Variações do António
Vivo na incerteza de me ver
Aparecer e sentir desaparecer
Eu sempre fui um espectáculo
Mesmo a varrer as ruas depois do ´spectáculo
Sou e serei sempre variações
Vou continuar a fazer de cada corte de cabelo
Um não à rotina, um hino ao belo
Porque eu serei sempre variações
Vou continuar a sentir esta insatisfação
De só estar bem aonde não vou
De só estar bem quando não sou
Vou continuar a sentir esta contrafacção
Vou continuar a cantar a alma do povo
Que lava no rio da amargura
Que traz na voz Amália
Só quero continuar tentar mudar de novo
Quando o corpo não se liberta
Deixa-o pagar a doce folia
Da alma que pouco a pouco se projecta
Deixa-o pagar a melancolia
Eu sempre fui António Variações
Nunca mais existiu alguém como eu
Eu sempre procurei meu anjo-da-guarda
Mas nunca o encontrei, nunca me encontrei.
Escrevi este poema em homenagem ao desaparecido António Variações, tendo por mote o seguinte trecho de uma entrevista dada pelo músico ao Jornal Correio da Manhã do dia 24/4/1981, e que passo a citar:
"Eu sempre fui António Variações -não à rotina-, (...) E sempre me senti parte do espectáculo. Sempre tentei fazer dum corte de cabelo um espectáculo. E eu serei um espectáculo mesmo a varrer as ruas da cidade."
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Poesia :
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Comentários
Re: Variações ao António
Lido Poema!
Meus parabéns,
Marne