VIDA AMARGA

Vida amarga
Nos corações destroçados
De farrapos vestidos
Chinelos nos pés
ou descalços
São os desgraçados
Que vivem nas ruas esquecidos

No mundo amaldiçoados
Perderam o que tinham de seu
O trabalho
Um teto
E o salário nunca mais apareceu
A sociedade apenas os esqueceu

Eram seres humanos
Como os outros
Até seriam felizes
E não houve pudores
Mas acreditaram
Que ainda existiam valores
E só receberam dissabores

Os homens que dominam o mundo
Deixaram de ter limites do seu poder
Já não existem valores morais
Nem amor no coração
seja qual for a razão

Uns são-no pelo dinheiro
Outros pelo Estatuto e posição
E outros porque pensam
ser donos da razão

Mas que mundo tão mesquinho
Que o homem está a construir
seja qual for o caminho
nenhum vai conseguir
por na terra, o chão a florir

Os filhos já não se conhecem
e a revolta avança
E depressa se esquecem
O que o pai lhe ensinou em criança

Quando algo de bom acontece
até nos parece um milagre
Daquele que não esquece
De pedir a Deus
Que o livre de tanta maldade
E se realize a sua vontade