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Vigília

Meu Ocaso, minha irmã, meu sono...

Dei-me a beber.
Sou menos meu e mais do outro.
Como adivinharia os dedos por trás do mundo?

Depois de ti varreram-me o azul dos dias.

Tenho demasiada Europa derramada sobre mim...
Já não posso voltar.
Sinto-me banido.

Depois de um deserto vem outro.
Atrás de um Inferno, Outro.

Estou doente,
faz frio dentro de mim.

Se tento voltar atrás
vejo-me em contra-mão
com a vida...

Se me olho nos olhos,
apenas me vejo a mim
que me olho nos olhos,
onde me vejo só a mim
que me olho nos olhos,
onde me vejo a mim...

À frente de mim... nada:
Nem meta,
nem boca,
nem prémio,
nem...

Lembro-me quando existia
só nos teus lábios...
Quando nada tinha a perder,
porque tinha as mãos nuas...

Já não sonho.
A Poesia em excesso foi negra noite,
E é precisamente noite,
só noite,
o que me sai das mãos...
Já nada tenho para dar.

Estou prestes a encenar o meu último poema.

Com a vida
Partirei zangado,
confuso,
ausente,
sem palco...

Dir-te-ei Adeus!

Meu ocaso, minha irmã, meu sono...

Submited by

quinta-feira, março 4, 2010 - 01:45

Poesia :

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Ex-Ricardo

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Título: Administrador
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Comentários

imagem de Anonymous

Re: Vigília

"Com a vida
Partirei zangado,
confuso,
ausente,
sem palco..."

Muito Bom!
O guionista da tua tb está de baixa?
Visto que te encontras "sem palco".

imagem de analyra

Re: Vigília

Os olhos líricos do poeta que busca a vida onde não mais há. Toldada visão do horizonte que desvanesce ao fulgor da noite sem lua que cai sobre a fronte do olho que mira-se ao espelho. Narciso triste, valoroso sub-existe ao lago. Já o lago, será espelho depois do mergulho do narciso que na ânsia da vida aprende a nadar.

Não te consumas narciso triste, nem lago nem espelho, apenas as órbitas dos astros girando em vertente inexorável empurrando os homens em uma estrada chamda vida.
( pode ser que não tenha nada a ver o que te escrevi, mas foi o que me veio à cabeça)

Gostei muito do poema.

Grande abraço.

imagem de Alcantra

Re: Vigília

Oh! Vigília atenta ao sangue que muda, modela-se, confunde-se, é e não vai ser, foi e não é. Assim o intento por toda a ação negadora, a destruição de si para dar à luz a si próprio no berço do tempo que não se chama mais tempo por estar sempre velho, suas horas nunca serão as mesmas. Percebo aí o "EX", o ser que sempre se deixa no passado para ser algo, sempre à procura de novas matizes, mesmo assim serás alguém que nunca vai ser, eis véspera de si mesmo e assim, tu não viverás vida plena, serás a vida plena. Enfim, sempre um ludíbrio compassivo do lanho lírico.

Alcantra

Alcantra

imagem de Betofelix

Re: Vigília

Sempre excelente, nada a acrescentar frente ao texto e aos corretos comentários.

imagem de Moon_T

Re: Vigília

do que mais gostei do autor

imagem de MarneDulinski

Re: Vigília

LINDO TEXTO, GOSTEI MUITO!

Estou doente,
faz frio dentro de mim.

Se tento voltar atrás
vejo-me em contra-mão
com a vida...

Esqueçamos as doenças, enquanto houver vida temos que seguir em frente; pra frente que é o caminho...

Meus parabéns,
Marne

imagem de angelalugo

Re: Vigília

Olá caro amigo poeta

Nesta vigília sinto a tristeza
e ao mesmo tempo a alegria de
poder ler a sua poesia, que
na verdade são músicas os teus
versos para os meus olhos e
para os meus ouvidos que chega
a ouvir a tua voz...

Belíssimo

Beijinhos no coração

imagem de Henrique

Re: Vigília

Se tento voltar atrás
vejo-me em contra-mão
com a vida...

Isto sim, é uma meditação!

Em frente é que é o caminho e é bem verdade!!!

:-)

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