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À Linha
O tempo se arrastava e a casa demorou a ficar vazia. Uma ansiedade insana me consumira alongando as horas. Esforçava-me para não aparentar agitação. O que era quase impossível! Parecia estar prestes a cometer um pecado mortal e não queria testemunhas, ninguém para me condenar. Repetia com instância
:- Não careço de juízo! Não agora!
Estava finalmente decidida a dispensar à lógica…… Era loucura!…. Eu sabia!…..Porque não me importava?
Até pouco tempo ele era apenas um desconhecido com o qual, vez ou outra, trocava algumas palavras bem comportadas. Nada demais! Pouco a pouco alargaram-se as conversas, avolumara-se o interesse gratuito e aquele menino que sorria na fotografia, tornara-se íntimo, embrenhando-se irremediavelmente no meu cotidiano. Não me perturbava saber-me ridícula. Ainda porque nessas horas todos os pensamentos parecem clichês..... E a paixão um devaneio tolo.
O silêncio foi tomando conta da sala e um mal-estar prazeroso me estremecera a alma. Conferi todos os cômodos…..Não havia ninguém….Fechei os olhos por alguns segundos….Respirei fundo…. Hesitei….. Claro que hesitei! Mas a ideia se fixara tirando-me o sossego.
Atravessei o corredor, fechei a porta do quarto e bisbilhotei pela janela a rua deserta. Fitava o telefone inerte à mesa de cabeceira e a insegurança….Porque não atendê-la?…. Retornara me acobardando..... Era uma chance…. Desapercebi e dei de ombros ….O que falar?.... Como falar? A respiração acelerada entorpecia o raciocínio, improvisava desculpas... Não queria desistir.... Porque ninguém atendia aquele maldito telefone? Quando finalmente, do outro lado da linha
: - Alô......
O som de sua voz se propagou dentro de mim. Naquele instante me perdi num arrepio gelado e apenas pronuncie meio sem jeito
: - Não fala nada.....
Porque me obedeceu? Sentia-me inteiramente desarmada do pudor habitual, dos velhos preconceitos e sussurrava-lhe caricias inesperadas ao pé do ouvido. Desejava perdidamente aquele menino que amava sem pressa. Um amor honesto e tresloucado feito apenas de palavras.... Sem gosto nem cheiro..... Definitivamente era loucura e não tinha mais como voltar atrás. Um gemido abafado, um suspiro e o silêncio, nessa exata ordem, abancaram-se no meu ouvido e um prazer inaudito congelou o tempo. Nem percebi que anoitecera. Logo a casa ficaria povoada novamente e precisava me despedir, apagar os vestígios daquela tarde do meu rosto e pronunciei seu nome com certa ternura....
:- Felipe...
A fala macia interrompeu…..
:- Desculpa meu bem. Mas, aqui não mora nenhum Felipe.
E só me restou morrer por um breve momento... Ressuscitar.... Mastigar o espanto... Porque a voz do outro lado esperava... O quê?..... Eu balbuciar
:- Perdão. Foi engano.
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Comentários
Re: À Linha
Perdão foi engano...
Claro que não foi engano nenhum BeatrizSalinas.
O teu texto está excelente.
Parabéns gostei muito
Um beigo amigo Angelo
Re: À Linha
mas enganos acontecem
Obrigada pelo comentário
Re: À Linha
BeatrizSalinas;
Um conto genial, com magia e desilusão.
Muito bom este momento de te lêr!
Gostei!
Re: À Linha
Parabéns pelo belo texto.
Gostei.
Um abraço,
REF
Re: À Linha
Obrigada
Um abraço