CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
CARGA PESADA
Feriado prolongado, graças a Deus vamos sair da rotina.
É muito bom ter parentes no interior.
Comidinha caipira no fogão de lenha, água pura da colina, e verdura fresquinha da horta. Dois dias sem pensar em cheques, e sem ser obrigado a comprar aquele pão horrível da padaria, que murcha e vira borracha depois de duas horas. Adeus despertador. Adeus telefone, adeus televisão. Adeus whatsapp...
Enfim, olhei pelo retrovisor e vi Guarulhos ficando para trás. Rodamos alguns poucos quilômetros e já respirávamos o ar puro da Mata Fria, quanto alguém gritou no meu ouvido:
- Para! Para!
Parei. Parei, meio surdo e hipnotizado pelo grito. Pressionei o freio e joguei o carro para o acostamento.
- Que foi, tá com enjoo? Alguém passando mal?
- Não. Presta mais atenção. Olha p’ra frente. Tá tudo parado. Você fica vendo montanhas e não vê o caminhão.
- Nossa! Com certeza, era aquilo o que chamam de carga pesada.
Voltei para a estrada. O trânsito era lento nos dois sentidos. Depois de muito tempo nos aproximamos do local do acidente. O que impedia o tráfego não era o fortuito e sim a curiosidade. Nenhum ferido naquela situação hilária. Um caminhão, que provavelmente estava rodando com a carga mal colocada, numa subida, deslizou o conteúdo para o final da carroceria despejando metade dos engradados no asfalto e ficando com a cabina suspensa no ar.
Quase dotas as galinhas tinham escapado e cacarejavam pastando no acostamento, ou cruzavam tranquilamente a rodovia se embrenhando no mato. O motorista cansado de esperar socorro, parecia alheio àquela situação, e do alto da sua cabine, olhava com indiferença seus curiosos espectadores, enquanto chupava uma manga de fiapo.
Mas, o que mais me chamou a atenção foi a eficiência no atendimento aos usuários das estradas. Não me refiro a polícia rodoviária. Não sei como e nem de onde vieram, porque não havia nenhum vilarejo, nem casa por perto. Mas eu vi dois garotos com aquelas caixas de isopor e numa delas estava escrito com pincel atômico: água mineral, suco, refrigerante e “delivery”. Perguntei quanto custava o “delivery” e ele me respondeu muito sério que, só o pai dele sabia.
Será que é para esse benefício que eu pago pedágio? Continuamos a viagem e como sempre quem não dirige, dorme. E eu acordado fui pensando: porque aquela carga caiu?
Provavelmente foi mal colocada. E a nossa carga? Já pensou se ela também caísse e tivéssemos que ficar desesperançados com a boca amarela, chupando manga? Aquele nosso passeio, aquele fim de semana era na verdade para nos livrarmos do estresse, e esquecermos o peso da nossa carga. Será essa a forma correta de nos aliviarmos do nosso jugo? O sorriso, a esperança, o alivio, a salvação por acaso está no fim de semana no campo ou na praia?
Será que há muito peso em nossos ombros, tal que não possamos suportar? "Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achais sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11, 28 a 30).
Vamos até ele, pois ele é o fim de semana que pode durar para sempre. Ele é o ar puro, que precisamos respirar todos os dias. Ele é a verdadeira água saldável da montanha. Só nele poderemos ser aliviados, porque Ele já colocou sobre os próprios ombros a nossa carga. É nele que depositaremos todos os nossos problemas, o cheque e aquele pão borracha difícil de engolir. Ele é alivio para todas as dores. Para ir até Ele não precisamos encher nosso porta malas, podemos ir de mãos vazias e Ele nos tornará plenos e suficientes. Vá até Ele apenas com a humildade e com o coração.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1874 leituras
other contents of J. Thamiel
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Soneto | PERDIDOS NO TEMPO | 1 | 565 | 04/20/2024 - 12:44 | Português | |
Poesia/Geral | PERDIDOS NO TEMPO - (o tempo é o melhor conselheiro) | 0 | 2.258 | 06/13/2017 - 14:41 | Português | |
Poesia/Alegria | PESCAR, PRA QUÊ? | 0 | 974 | 07/16/2016 - 15:46 | Português | |
Poesia/Tristeza | PESCARIA | 0 | 380 | 06/02/2016 - 04:01 | Português | |
Poesia/Geral | PESO DA IDADE | 4 | 1.044 | 07/28/2016 - 01:59 | Português | |
Poesia/Pensamentos | PHILOSOPHANDO | 0 | 668 | 01/02/2021 - 12:57 | Português | |
Prosas/Contos | PINTINHOS PARA TODOS OS LADOS | 0 | 3.852 | 05/20/2016 - 14:20 | Português | |
Poesia/Dedicado | PIRACAIA | 0 | 444 | 07/06/2016 - 17:53 | Português | |
Poesia/Geral | PODEROSA ÉS TU | 0 | 631 | 10/05/2016 - 17:55 | Português | |
Poesia/Geral | POEMA A DUAS MÃOS | 0 | 1.202 | 08/03/2016 - 12:27 | Português | |
Poesia/Aforismo | POEMA PARNASIANO | 0 | 7.558 | 05/11/2016 - 15:14 | Português | |
Poesia/Intervenção | POEMA... PRA QUÊ? | 0 | 1.964 | 01/14/2019 - 13:40 | Português | |
Poesia/Geral | POEMAS | 0 | 3.383 | 12/16/2017 - 15:29 | Português | |
Poesia/Geral | POESIA X PALAVRÃO | 0 | 1.314 | 07/28/2016 - 15:38 | Português | |
Poesia/Geral | POESIA CONCRETA 2 | 0 | 896 | 07/28/2016 - 15:01 | Português | |
Poesia/Fantasia | POESIA, PRA QUÊ? | 0 | 1.663 | 06/30/2016 - 23:11 | Português | |
Poesia/Geral | Poesia, eh! | 0 | 882 | 01/18/2017 - 20:58 | Português | |
Poesia/Acrósticos | POETA DO ABC, D, E, F, G... | 1 | 3.067 | 05/20/2017 - 21:09 | Português | |
Poesia/Dedicado | POETA EXTRAORDINÁRIO | 0 | 327 | 06/25/2016 - 19:59 | Português | |
Poesia/Geral | POETA HUMILDE | 3 | 2.699 | 06/11/2019 - 17:50 | Português | |
Poesia/Geral | POETA NÃO SE FAZ, POETA NASCE | 0 | 1.567 | 08/25/2020 - 16:23 | Português | |
Poesia/Fantasia | POETA UNIVERSAL | 0 | 1.887 | 11/28/2017 - 15:15 | Português | |
Poesia/Dedicado | POETAS | 0 | 1.211 | 06/26/2016 - 20:49 | Português | |
Poesia/Geral | POÉTICO, PATÉTICO | 0 | 1.823 | 11/24/2016 - 11:34 | Português | |
Poesia/Fantasia | POETISA ASSASSINA | 0 | 1.914 | 07/04/2016 - 13:52 | Português |
Add comment