CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
filho
Hoje lembrei-me do filho mais velho. Lembrei-me com nostalgia. Como me aquecia, morno. E como ainda me aquece lembrar-me dele. Recordo quando o vi pela primeira vez, tão pequeno. E como o amei desde o inicio. Aquecem-me as memórias das suas brincadeiras desajeitadas, da troca de carinhos, dos nossos arrufos. Aqueço. E depois as minhas ausências. Que tinham de ser, porque a vida assim o exigia. E como a sua mãe me contava o quanto ele me sentia a falta. O quanto ele me queria. Que quase chorava quando eu partia. E nessas alturas, o como eu ficava orgulhoso. Custava mas ficava orgulhoso de saber que gostava dele como ele gostava de mim. Sabe tão bem sabe-lo. Redimia-me daquelas vezes que lhe ralhava e nos chateávamos, ou mesmo das alturas que não lhe ligava porque não estava para ralhar, só porque não. Na redenção, dava-lhe carícias, e doces, e prendas, mimos gratuitos que sempre tiveram troco. Sempre.
Custou-me quando saí de casa. Custou-me mais ainda quando, saído de casa, o soube doente. Morri mais um pouco quando o quis ver, e por muros e barreiras intransponíveis, levantados pela dor infantil de adultos, não lhe consegui tocar. Nunca mais. Nunca pensei que fosse algo demasiado grave, pois todos sabiam o quanto o gostava e nunca me esconderiam algo relevante. Errado.
Liguei para lhe ouvir a voz. Para falar. Para saber dele. Para ele saber de mim. Sempre quis saber. E sempre nada. Sempre me lembro dele e sempre gosto dele.
Lembro-me de o ver com o mais novo a brincar. Inseparáveis, os rufias. O mais novo, com os dentes tortos desde sempre, com as brincadeiras ruins, a aleijá-lo, e ele nada. Pacifico. Que rufias os dois.
No natal o telefone tocou. Era grave afinal. Estava doente, dizia ela a chorar. Era grave e nada me disse. E morreu. Morreu. Quis ofende-la. Queria lhe bater. Não me disse. Não me deixou vê-lo. Nem uma ultima vez me deixou vê-lo. Nem para me despedir. Nem me despedi. Não o vi pela última vez. Morreu. Morreu e nem o vi pela última vez.
Lembro-me de ti, filho. Não me esqueço. Quero a minha última vez.
Não me esqueço.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1032 leituras
other contents of Moon_T
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pensamentos | Desaperta o colarinho | 0 | 1.683 | 11/25/2011 - 22:20 | Português | |
![]() |
Fotos/ - | 1925 | 0 | 2.412 | 11/24/2010 - 00:41 | Português |
Ministério da Poesia/Meditação | morte | 0 | 2.975 | 11/19/2010 - 19:27 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Eu | 0 | 3.418 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Gótico | réplicas | 0 | 2.916 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Gótico | Mimica | 0 | 2.889 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Gótico | Hoje não me apetece sorrir | 0 | 2.863 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Gótico | Insónia | 0 | 2.533 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | vivo | 0 | 3.100 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Erótico | Vestir-te | 0 | 2.957 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Erótico | deitada | 0 | 3.088 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Erótico | Chuva | 0 | 3.009 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Gótico | Insano por mais um dia | 0 | 2.455 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Gótico | Crepusculo de pesadelo | 0 | 2.343 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Sabes-me bem | 0 | 2.519 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | Choro Amo-te | 0 | 2.594 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Aforismo | nao me reconheço | 0 | 2.605 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | sinto a tua ausencia | 0 | 2.611 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | solta as amarras | 0 | 2.504 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | trago-te na sombra | 0 | 2.399 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Amizade | um dia, amigo | 0 | 2.853 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | Fala-me | 0 | 2.794 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Desespero | 0 | 2.456 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Lembro-me | 0 | 2.675 | 11/19/2010 - 19:25 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Odores... | 0 | 3.014 | 11/19/2010 - 19:25 | Português |
Add comment