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Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio
POSITIVISMO – “ORDEM E PROGRESSO”
Para nós, brasileiros, uma das máximas do Positivismo se mostra frequentemente. Mais precisamente todas às vezes que a Bandeira Nacional é hasteada. Isto, graças ao fascínio que essa Doutrina causou nos Militares que proclamaram a República, bem como em larga faixa da população. Ainda hoje é relativamente comum ouvir de pessoas idosas a seguinte exclamação: “sou muito positivo (a)!”. Com o termo “positivo” pretendem sinalizar que são extremamente práticos e objetivos e que repudiam qualquer expressão que não seja material. De forma um tanto tosca, porém exata, expressam uma das noções do Sistema Filosófico.
A aceitação que o Positivismo encontrou no Brasil não foi um caso isolado. Em todo Mundo foi acolhido com entusiasmo por todos que viviam no final do século XIX e inicio do XX, época em que a Ciência, a Razão eram consideradas a ponte que levaria a Humanidade a um Futuro melhor.
AUGUSTO COMTE (1798/1857, França), criador da Filosofia Positivista e discípulo e auxiliar do Socialista SAINT SIMON (1760/1825, França), além de Filósofo, também pode ser considerado “um “Reformador Social” e por extensão um dos criadores da “SOCIOLOGIA” atual. Em suas propostas políticas, COMTE juntou conceitos Conservadores como o de “manutenção da ordem”, com preceitos Progressistas ou Liberais, como o da necessidade de progresso. Aliás, um de seus postulados define bem essa mistura: “O AMOR POR PRINCIPIO, A ORDEM POR BASE e O PROGRESSO POR FIM”.
Para o filósofo, a única Reforma efetiva, válida e real seria a “Reforma do Saber”, pois acreditava que a Sociedade está além de suas conjunturas materiais e o que a caracteriza de fato é o estágio do Saber a que já conseguiu chegar. Qual a etapa de seu desenvolvimento cultural. Exemplo imperfeito (mas útil para esse caso) dessa teoria pode ser observado na América do Norte, onde se tem os EUA como ícone máximo do Poder Material; e o Canadá, que ostenta uma das melhores condições de vida da Terra. Desnecessário, pois, será dizer que se vive melhor no segundo que no primeiro, pois embora esse segundo seja mais frágil economicamente, ostenta um avanço cultural muito mais significativo que o do primeiro. E isso, claro, reflete-se na qualidade da vida de seus habitantes.
O nome “Positivismo” está vinculado à tese de COMTE que ele batizou de “Lei dos três Estados”. Para ele, a Humanidade vivenciou três etapas diferentes em sua marcha, a saber:
1. TEOLÓGICA – a crença em poderes sobrenaturais sejam eles folclóricos ou teológicos. A crendice em deuses, em Deus e em outros Seres do gênero, os quais seriam os Criadores e Organizadores do Universo.
2. METAFÍSICA – a crença em Princípios Racionais, abstratos, apreendidos racionalmente, aprioristicamente (ver Kantismo), com desprezo pela Experiência Empírica (aquela que consiste na percepção dos dados ou características do objeto estudado, através do que foi captado pelos Sentidos; ie. audição, visão, tato, olfato, paladar), pelos Sentidos e pelos Fenômenos.
3. POSITIVA ou POSITIVISTA, conforme segue.
Quanto ao “Estado Positivista ou Positivo”, observa-se que sua principal característica acontece quando o individuo atinge o chamado “estado cientifico” ou o “estado de ciência”. Quando já superou as etapas de crendices e de especulações abstratas sobre a “transcendência”. Ou seja, quando passou a acreditar apenas naquilo que pode ser comprovado “cientificamente”, rejeitando, conseqüentemente, qualquer idéia ou ideal de que “existe algo além da matéria”. Que transcenda a Realidade material, física, objetiva.
O “Espírito Positivo” é, pois, aquele que já se libertou das etapas anteriores ao Cientificismo* e cuja crença está completamente vinculada aos Experimentos ou Experiências Cientificas, às suas Revelações, às suas Verdades etc.
O Positivismo, como Sistema Filosófico, tem como foco central a Teoria dos Três Estados, supra mencionada, e a apologia sobre o Espírito Humano e sua Sociedade, que após vivenciarem os períodos Teológicos (principalmente na Idade Média, ou Idade das Trevas) e o Metafísico (sobretudo com o Idealismo e o Romantismo), chegarem à Etapa em que imperam as “Ciências Positivas”.
Para o filósofo, as Ciências obedecem a uma escala de valor, uma hierarquia, que pode ser vista como a “ascensão do Intelecto”, plenamente depurado de crenças e de abstrações. Essa escala segue o esboço abaixo:
1. Matemática
2. Astronomia
3. Física
4. Química
5. Biologia
6. Sociologia
Cada qual tendo por base a Ciência anterior, o que lhe permite atingir o máximo Conhecimento possível naquela área. Ampliando-se essa tese sobre as Ciências, observa-se que outro ponto fundamental do Positivismo é o objetivo de elevar o Intelecto do conjunto humano, com o conseqüente aprimoramento da Sociedade que poderia, então, ser vista como resultado de uma “organização cientifica”.
Em termos mais abrangentes, o nome “Positivismo” é dado a várias tendências Filosóficas do século XIX, dentre as quais, citaremos as duas mais significativas:
a. A filosofia de STUART MILL (1806/1873, filósofo e economista da Inglaterra) que utilizou os princípios positivistas para pensar as questões sócio-econômicas.
b. A de SPENCER (1820/1803, Inglaterra) que fez uma analogia com a Teoria de Darwin, colocando a Sociedade como o Habitat que privilegia os mais fortes e elimina os incapazes.
Em ambas, bem como nas demais, existe uma super valorização do Método Empírico (ver Empirismo) com suas Experiências Sensíveis ou Empíricas, consideradas como a principal (talvez única) fonte de Conhecimento; e a valorização das Ciências Empíricas, formais, positivistas. Alegam seus adeptos que o Empirismo, em sentido completo, deveria ser o modelo a ser seguido por todas as outras Ciências, inclusive e principalmente, as que tratam de Política e de Sociologia.
É claro que outra preocupação central dos Positivistas é negar a validade de qualquer tipo de Idealismo, ou de tudo que possa ser considerado Metafísico, Sobrenatural.
Atualmente muitas Doutrinas são classificadas como “Positivistas”, ou de “Positivismo Lógico (que é sinônimo de Fisicalismo*)” por abarcarem alguns conceitos do Positivismo original, porém tal adjetivação é pejorativa, pois significa que aquele ponto de vista é incapaz de vislumbrar além da Matéria.
Ironicamente, observa-se que o visado “Progresso das Ciências”, tão caro aos Positivistas, é que leva a tal julgamento negativo, pois hoje, as Ciências (particularmente as quânticas) já convivem com realidades que vão além da Matéria.
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