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BUDISMO - Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
BUDISMO – tido como Doutrina Filosófica e Religiosa, organizou-se com base nos Ensinamentos de SIDHARTA GAUTAMA, que por ter alcançado o NIRVANA1 ganhou o epíteto de BUDA, ou “O Iluminado”. A idéia que o Budismo é uma Religião é contestada por vários eruditos, pois sempre se associa qualquer Religião ou Seita a algum tipo de Deus ou de Deuses e o Budismo é totalmente Ateu. Ademais, se olhado com imparcialidade, vê-se que seu inicio aconteceu justamente porque SIDHARTA desiludiu-se com o seu BRAHAMANISMO2 natal e o renegou completamente por discordar de seus Ofícios, Cerimônias, Privilegiadas Posição Social e Econômica de seus Sacerdotes e, principalmente com a superficialidade e futilidade dos atos e ações que configuram as Religiões, ou pelo menos, a idéia que delas se faz. De fato, é curioso ver que os Budistas (inclusive os contemporâneos) transformaram o que deveria ser uma tendência filosófica em uma mera Igreja. Com direito, inclusive, à veneração das imagens de Buda, à adoração de supostas relíquias (como o “Dente” que teria pertencido a Buda e que anualmente é celebrado com um Festival e Procissão no SRI LANKA) e, é claro, com direito a manter uma Casta de Religiosos ou Monges/Monjas. Por um exercício de imaginação pode-se imaginar a irritação (se ele se irritasse) de GAUTAMA ao saber que ele teria virado o ícone de uma nova religião. O horror de ter sido transformado em “Santo” na corrente teológica que foi fundada em seu nome. Justo ele, que abandonou a Religião por lhe ver totalmente inútil, injusta, supérflua e manipulável e manipulada. E até mesmo mal intencionada e nociva. Todavia, não obstante as Criticas dos eruditos e a rejeição de outros tantos que não são eruditos (como é o caso desse escrevinhador) o Budismo se espalhou pelo Oriente e mesmo no Ocidente já está solidamente implantado. Talvez, aqui, mais por um modismo ou pela vontade de parecer excêntrico; além, é claro, daqueles que são bem intencionados. Por último, nessa parte, cabe-nos registrar que os Ensinamentos de BUDA não são originais em suas Essências. Na verdade, são cópias resumidas das Linhas Mestras do *HINDUÍSMO3, de onde se trouxe a Idéia de que o eixo central vem do fato de que os desejos materiais causam as dores e que enquanto o Indivíduo não conseguir aquietar e até eliminar suas Vontades (por bens materiais/sensíveis) continuará preso à “RODA da SAMSARA4”, que é o fatídico circulo de morrer/renascer/morrer até que sua Alma seja depurada e ele compreenda a futilidade, a efemeridade, a injustiça dos desejos mesquinhos e alcance o BODDHI5, ou a Libertação. Em termos Ocidentais, será quando ele for admitido no PARAÍSO. (Vale lembrar que não foram as Religiões Ocidentais que deram origem ao HINDUISMO; mas é justamente o contrário. Principalmente o Cristianismo que apresenta forte vinculação com a religião indiana, sem que isso lhe moleste de alguma forma, afinal a mensagem é comum: o aprimoramento humano). Feitas, então, as necessárias restrições e criticas ao mau uso que se fez dessa linha de Pensamento, passaremos a estudar o Sistema em sua verdadeira feição: a filosófica. Primeiro é necessário que creditemos ao Budismo várias proposições, teses e afirmativas exaradas pelos filósofos Ocidentais, principalmente, SCHOPENHAUER que nele e nas UPANISHADS6 apoiou sua Teoria sobre a Vontade como a Essência da Vida. Ali, o alemão, quase que transcreve literalmente os conceitos de que são os Desejos a causa do sofrimento humano e que deles não se consegue escapar, pois é a Vontade (ou o Instinto de Preservação da Espécie e de Conservação do Indivíduo) a essência de tudo que existe. E na seqüência expõe que a solução para esse impasse será a anulação dos desejos etc. Prosseguindo, vemos que o Budismo (enquanto religião, mas já com traços de “Filosofia de Vida”) seguiu em várias direções, espalhando-se pela China, Japão e regressando à Índia. Além, é claro, dos outros países da região. Seus textos principais (TIPITAKA) foram escritos em PALI (dialeto hindu) e separados em três “Cestas” ou em três partes, sendo: 1.SUTTAPITAKA, que contem os SUTRAS, ie. Os Ensinamentos ditados pelo próprio SIDHARTA. 2.VINAYAPITAKA, que é o “Manual” com as Regras disciplinares que devem vigorar nos Monastérios, ou Templos. 3.ABHIDHAMMAPITAKA, também chamada de “Cesta da Metafísica” é a parte que contém a Doutrina da tendência, a qual, por sua vez divide-se em: AS QUATRO NOBRES VERDADES: 1.A vida é Dor. 2.A causa da Dor é o Desejo. 3.O fim ou a cessação da Dor só acontece com o fim do Desejo. 4.E para que se consiga suprimir o Desejo é necessário seguir o Óctuplo Caminho, descrito a seguir: O ÓCTUPLO CAMINHO DIVIDE-SE EM: 1.Na justa Visão (ver tudo com o espírito imbuído de justiça e complacência) 2.Na justa Resolução (tomar a iniciativa correta) 3.Na justa Linguagem (evitar a futilidade e a injustiça naquilo que se diz) 4.Na justa Conduta (no modo de se comportar, com o devido amor para com todos) 5.No justo Viver (de forma a não atrapalhar a ninguém e ajudar a todos) 6.No justo Esforço (a Negação de se esforçar por futilidades e além do possível) 7.Na justa Mentalidade (ter bons Pensamentos e Intenções) 8.Na justa Concentração (de modo que ela não cause excessivo desgaste e nem se perca do que verdadeiramente deve ser o seu Objeto. Pois deixar o Pensamento voar desordenadamente é o mesmo que deixar um barco navegar livremente; e isto não é a Libertação, mas só uma inútil divagação). A libertação do jugo imposto pelos Desejos nocivos será alcançada através do exercício das normas acima mais a prática do *ASCETISMO. É a dissolução da Ilusão (o VEU DE MAYA6) que fora produzida pela Vontade. O BUDISMO deu origem a inúmeras Escolas (ou Tendências) Filosófico-Religiosas e para organizá-las dividiu-se o BUDISMO em duas grandes Categorias: 1.HINAYANA (pequeno Veiculo) que permaneceu mais fiel aos Ensinamentos tradicionais. Nele, a Salvação só será atingida pelo Monge/Monja que seguiu a VIA da MEDITAÇAO e que, por isso, atingiu o NIRVANA. Vigora, sobretudo na Índia, Birmânia, Sião, Camboja e Laos. 2.MAHAYANA (Grande Veiculo) que é mais aberta e menos rígida em certos Dogmas. A Salvação, por exemplo, não é reservada apenas aos (as) Monges/Monjas, mas está ao alcance de todos que levarem uma vida baseada no ÓCTUPLO CAMINHO, na prática da Caridade, da Piedade (ou Religiosidade). Com essa postura fica claro que o NIRVANA (só alcançável pela Meditação) não é o único Caminho que libertará cada Homem e, ao cabo, a espécie Humana e o Mundo em Geral. Arraigou-se mais profundamente na China, Japão e Tibet. NOTAS: 1.Nirvana – estado em que o Indivíduo consegue se libertar das amarras dos Desejos, ainda em vida. É conseguida mediante o Ascetismo combinado com a Meditação. 2.Bramanismo – Nome dado ao Hinduísmo na fase em que os Sacerdotes (Brâmanes) comandavam a Sociedade e não só a Religião. 3.Hinduísmo – a Religião da Índia. 4.Roda da Samsara – As sucessivas reencarnações que o Homem faz até que sua Alma esteja depurada. O ciclo de nascer/morrer/nascer. 5.Boddhi – a libertação definitiva da Samsara, só atingido por aqueles que controlaram totalmente seus corpos físicos e levaram a virtuosa vida que daí advém. 6.O Véu de Maya – a ilusão da matéria em que a Alma impura vive. Para aqueles que se interessem pelo HINDUÍSMO recomendo o livro de minha autoria, DEUSAS e DEUSES HINDUS, DICIONÁRIO SINTÉTICO, a venda no BLOG: deusasedeuseshindus.blogspot.com - ou na AMAZON.COM
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Comentários
Re: Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
Lindo texto.
Gostei muito.
Abraço,
REF
Re: Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
Eu estudo budismo, conheci através de uma amiga japonesa nos USA. Exatamente pelo fato de acreditar que eu sou deus, eu sou buda, é que parei de frequentar as reuniões da SGI, nada contra, tenho meu gohonzon em casa e talz, apenas não quero me aprisionar a mais uma religião.
A filosofia é excelente, mas o fanatismo me deixa doente.
Acompanharei teus posts aqui.
Re: Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
A filosofia é excelente, mas o fanatismo me deixa doente.
Em uma frase você conseguiu dar forma ao que penso e sinto. Parabéns! Esplêndido poder de síntese. Zizi, sou muito grato pela tua visita e pela honra que tu me dás ao acompanhar meu modesto trabalho. Muito obrigado. É um prazer te conhecer.
Fabio