Fomos feitos para sentir tudo...

Presumo que muitas das pessoas que por aqui passam já tenham sentido ou experimentado sentimentos maus. Tão maus como a raiva, o ódio, a ira e outras sensações semelhantes. São tantas as circunstâncias e situações que a própria vida nos apresenta, que desafiam esses sentimentos.
Podem ser exíguos pingos com odor a decepção.
A paciência esgota-se, ou o dia não se apresenta em forma de humor positivo, e lá estamos nós a soltar uma espécie de inferno a tudo o que está á nossa volta. Descarregamos as nossas dores e pequenos desapontamentos sobre quem nos rodeia.
Nunca vos aconteceu?
Sei que não são sentimentos, quanto mais sensações boas de experimentar. Mas o ser humano não é feito apenas de coisas boas. E não adianta tentarem convencer-me do contrário e dizerem que são incapazes de sentir tais tenebrosidades. Todos os humanos têm esse lado negro.
Eu não tenho qualquer dúvida em afirmar ou dificuldade em admitir que tenho esse lado presente em mim. E quando me provocam nessa direcção, não há razão que resista. Já tenho muito pouco ou nada de racional, e quando me provocam nessa direcção é como se esse pouco fosse completamente aluído por uma agitada e brusca tempestade de emoções…
Felizmente alguém me ensinou a perícia sensata e ponderada, de ter a capacidade para aceitar e tratar estas cegueiras que por vezes se instalam em mim. Ás vezes somos envenenadas e minamos as relações pelas nossas próprias cegueiras.
Então eu sigo aquele conselho. Aceito estas minhas cegueiras, mas mantenho-me livre e imune de envenenamento por elas. Aceito a fúria, a raiva, a ira como sentimentos instintivos e da natureza do ser humano. Se a natureza nos formou com estes sentimentos, alguma razão deve haver. Se eles existem é porque também eles fazem parte da nossa essência.
Lembro-me de alguém me dizer que abafar e amordaçar as coisas más que sentimos é o mesmo que enlouquecer.
Fomos feitos para sentir tudo, seja bom ou seja mau. O mais importante mesmo é saber o que fazer com o que sentimos.
Alguém me ensinou que não vale a pena ter medo e muito menos arrependimentos. Que isso nos permite alcançar um nível muito mais alto da noção de nós mesmos.
É isso que eu quero. Subir mais um patamar. Elevar-me ainda mais, até áquele nível onde nenhum facto exterior é capaz de derrubar ou destabilizar a minha paz interior.
Há formas de ver a vida que têm sempre algo para ensinar, e uma das liçoes foi que, sem possuirmos auto controlo jamais conseguiremos fazer o resto…e corremos o risco de nos perder pelo caminho…