A Metamorfose

A Metamorfose
 

  Eu sou o deserto árido dispo a minha pele nas areias , qual cobra deslizo nas dunas escondo-me do sol abrasador e sufoco o meu inimigo num longo abraço . Afasto-me marcando, com o meu rastejar, a areia levemente.
  Ganho asas e torno-me na ave bela de penas coloridas e lustrosas ... levanto vôo esvoaço pelos céus junto às núvens, junto-me ao bando grito e canto em côro, sigo com o vento sem rumo ao infinito.
  Regresso ao solo, os meus frutos vermelhos ,perfumados fazem de mim a macieira mais suculenta do Planeta, as minhas raízes velhas vão até ao coração da mãe Gaia, os meus ramos seguem bem altos até ao céu e abracem toda a Terra.
  Sou uma lágrima que teima em cair dos meus olhos, indo-se juntar a outras lágrimas da mãe Terra, formando o rio que corre por entre montes e vales em direção ao mar salgado.
  Já sou um golfinho brincalhão que pula e nada veloz com o seu irmão, vai junto ao menino para lhe devolver a emoção.
  Agora sou a sereia que encanta com o seu canto os que por mim passam e se enamoram perdidamente da minha voz.
  Abraço a água, nado em direção à praia, solto as escamas, chego à areia vou ao fundo de mim . Ponho as palavras na boca do meu coração e ele fala-me com frases lindas, angustiadas , cheias de raiva e desilusão; eu desconhecia o seu poder de transformação. Estou inteira, cada vez me descubro mais e mais...
  Sou a renovação... 

Célia

Livro: PALAVRAS EM MIIM