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MEU SENHOR LEVE-ME À RUA
Meu senhor leve-me à rua!
A semana passada fui ver uns amigos ao Lar de Idosos S. José da Santa Casa da Misericórdia de Tavira. Disse boa tarde a todos e a todos dei a mão e uma palavra de conforto e de ânimo mas não ouvi a voz de ninguém, apenas um estender de mão.
Depois pus-me a conversar com os meus amigos, o Oliveira e o Bernardo, a rirmos das coisas que eu dizia e de repente ouço uma voz: meu senhor leve-me à rua! Olhei na direcção do som daquelas palavras e vejo uma senhora de cadeira de rodas com uma cara triste e rugosa por onde o tempo já deixou tantas marcas e respondi cheio de pena que não podia fazer o que ela me pedia porque não tinha autorização. Ela ficou triste mas não deixava de me pedir para a levar à rua. O meu coração estava desolado e quase partido de compaixão sem poder fazer nada por ela. Eu não me importava de dar uma voltinha com ela na sua cadeira de rodas, só que daquela sala ninguém pode sair. A porta da rua está trancada e as janelas fechadas como se fosse um prisão.
Nunca ouvi uma voz, estava tudo calado de cabeça em baixo com tristeza, a não ser uma senhora que é metade do meu tamanho e eu sou pequenino, muita rabugenta e faladora, alegre, mas já não acertava bem as suas palavras e daquela que não parava de me pedir para a levar à rua.
Todos estavam presos naquela sala de olhos tristes, sem falar, fazendo companhia ao silêncio, ouvindo-se apenas a minha voz sozinha que brincava com os meus amigos. Eu ria com eles mas estava de coração partido, por ver aqueles seres humanos acompanhados uns pelos outros, mas dentro de si estavam sozinhos à espera da certeza da Natureza.
Acho que um lar daqueles a quem os familiares pagam caro, não deviam deixar que aqueles seres humanos que já deram tudo pelos outros, mereciam estar acompanhados por uma funcionária ou um psicólogo ou alguém que os pusesse a fazer aquilo que eles sabem da sua experiência de vida, para não sentirem o tempo passar, apenas esperando a certeza da Natureza. Assim, como aquele lar faz, não está certo, são seres humanos que merecem respeito, não deixando que nenhum deles se sinta só e triste, de olhos postos no infinito daquela sala que limita os seus horizontes. Seria muito melhor se os responsáveis por aquela instituição não respeitassem apenas o dinheiro mas sim a dignidade que ainda resta naqueles seres humanos iguais a mim.
Cada vez que vou lá, fico tão triste como eles por dentro, embora faça ao contrário, para ver se vejo um sorriso nas suas bocas fechadas mas ainda não vi nenhum sorrir.
Assim não!
2O12-Abril 26 Estêvão
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