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No Tribunal de Cristo (Parte I)

Senti meus pés saindo do chão. Sabia que começava uma viagem de que nunca havia imaginado em minha vida. Vi as nuvens no azul-celeste se aproximando. Logo eu já estava sobre elas e vi o planeta Terra se afastando. Que beleza era o infinito do universo. A Terra parecia uma pequena bolita daquelas que jogava quando criança. Então tudo começou a andar muito rápido e estava viajando na velocidade da luz. Em fração de segundos tudo parou. Vi-me em uma gigantesca construção. Parecia um grande templo que sumia diante da minha vista. Um salão enorme que parecia não ter fim. No início parecia que ele estava vazio. Mas ouvi vozes que vinha do outro lado de uma grande parede. Agora eu conseguia ver uma parede de cristal que separava os salões. Andei até uma enorme porta com umbrais dourados e vi uma multidão incontável que caminhava na segunda repartição. Em cada rosto que olhava eu sabia quem era mesmo sabendo que nunca tinha visto aquelas pessoas antes. Que coisa mais espetacular, pensei comigo. Foi então que minha atenção se voltou para um grande personagem. Ele era quase três vezes maior do que qualquer pessoa ali. Tinha duas enormes asas cintilantes e um sorriso magnífico no rosto. Ele sorriu para mim.

    - Não se preocupe. - Disse ele se aproximando de mim. Fiquei surpreso porque as pessoas passavam por entre ele como se ele fosse um fantasma. - Serei seu guia nesta sua nova jornada.

    - Onde estou? - Eu sabia onde estava, mas queria ter certeza.

    - No Paraíso. - Disse-me ele sempre com aquele sorriso magnífico no rosto. - Mais especificamente no Tribunal onde será julgado pelas suas obras que fez em vida.

    Senti um alívio no coração. Se estava no Paraíso eu estava salvo. A salvação que tanto almejava. Estar com Cristo para sempre. Sim. Eu havia conseguido. Meu coração exultava de alegria.

    - Venha! - Disse-me o anjo que me guiava naquele enorme salão. - Terás a oportunidade de veres alguns semelhantes sendo julgado antes de você.

    Ao segui-lo vi uma enorme parede e grandes quadros nela pendurados. Eram diferentes quadros e uma infinidade de pessoas fazendo alguma coisa em cada um deles. Me detive em um dos quadros. Era eu. Estava jovem. Ajudava uma senhora que tinha dificuldades de carregar suas compras. Abri um leve sorriso. Que maravilha! Então vi o próximo quadro. Nele eu estava orando. Consegui ver algumas palavras da minha oração. Intercedia pela minha família. Sorri outra vez. Andei mais um pouco e vi outro quadro. Nele eu estava pregando em uma pequena congregação. Havia poucas pessoas no pequeno salão onde ministrava. Mas pude ver uma chama de fogo sobre a cabeça de cada uma das pessoas ali presente. Em minha volta havia uma grande chama de fogo. A Bíblia estava aberta e dela saia um brilho como se fosse raios reluzentes. Olhei para o anjo que me guiava e ele sorria. Acenou positivamente com a cabeça como se se orgulhasse do que eu estava fazendo. Fiquei feliz. Andamos mais um pouco e vi outro quadro. Neste eu estava auxiliando meu Pastor. Recolhia as ofertas, cuidava da porta, atendia as viúvas e os órfãos. Meu coração transbordava de felicidade. Tinha outros quadros e em todos eles eu estava fazendo grandes coisas para o Reino de Deus. Rejubilava-me com tudo isso. Que maravilha! O quanto trabalhei na obra de Deus!

    Estava eufórico com tudo isso quando parei um pouco. O anjo que estava comigo parou também. Seu semblante havia mudado. Estava sério. Parecia concentrado em alguma coisa.

    - O que foi? - Ele me perguntou.

    Fiquei em silêncio por alguns segundos, talvez um minuto. Estava pensativo.

    - Estranho – Disse afinal – Não me lembro de ter feito essas coisas que vi nos quadros.

    - Ah sim! - Exclamou o anjo que era meu guia – Então é isso. - Fez uma breve pausa e me olhou com um olhar profundo. Senti minha alma estremecer. - Isso era o que você deveria ter feito. Foi para isso que Ele te deu a vida e a oportunidade de viver na terra dos viventes. É isso que estará em julgamento hoje aqui.

    Senti um calafrio na alma. Eu não havia feito nada com o meu tempo. E agora era tarde demais. Só me restava lamentar. Senti um aperto na alma. Uma tristeza. Como poderia ser isso? Estar no Paraíso, salvo e estar triste? Sim. Era possível. Deus havia me dado uma vida inteira e tinha grandes propósitos para mim e eu não havia feito nada do que Ele queria que eu fizesse. O que seria de minhas obras diante deste Tribunal?

    Foi então que vi uma grande fornalha. O fogo era quase azul. Uma cor tão profunda e reluzente que nunca tinha visto na minha vida. Ao lado havia uma galeria. Tudo era muito grande. Sumia de vista. Sobre a galeria, uma espécie de prateleira, eu vi coroas. Sim. Eram coroas. Lindas e magníficas. Tinham coroas de todos os tipos e tamanhos. Umas enormes e outras menores. Algumas estavam cheias de pedras preciosas. Tinha umas de ouro puro que brilhava intensamente. Algumas de pratas tão lindas que é impossível descrever com palavras. Fiquei admirados com cada uma delas. E mais ainda com outras que vi ao longe. Elas só tinham carcaças. Só tinham as grades. Não eram ornamentadas. Parecia que não haviam sido terminadas. Senti um aperto no coração.

    - Olhe mais perto – disse-me o anjo.

    Olhei atentamente e vi. Algumas coroas eram feitas de madeira. Outras de palha e outras de feno. Entendi tudo agora. Você recebe a coroa e ela passa pelo fogo. Madeira, feno e palha vão se queimar e a pessoa fica sem nada.

    Neste instante fiquei curioso para ver a minha coroa. Como seria ela? O meu guia parece ter lido meus pensamentos porque disse:

    - Antes de receber a sua coroa veja atentamente.

    Então vi algumas pessoas se aproximando de uma espécie de trono. Eu não consegui ver quem estava no trono, mas tinha um brilho intenso e magnífico. Era muito lindo de se ver. Havia uma multidão de pessoas, mas vi algumas que se destacaram para mim. Contei e eram oito pessoas. Com certeza eram destacadas para mim. Houve um silêncio. Aquelas oito pessoas entraram em uma espécie de fila que os levavam rumo ao trono onde seriam julgadas.

(Continua...)

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

Leia as outras partes:
http://meutestemunhovivo.blogspot.com/2021/04/no-tribunal-de-cristo-parte-ii.html
http://meutestemunhovivo.blogspot.com/2021/04/no-tribunal-de-cristo-parte-iii.html

www.meutestemunhovivo.blogspot.com

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domingo, abril 18, 2021 - 13:08

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