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O fantasma da velha escola - 11

Marcão pesquisou obssessivamente, lendo sobre espíritos andando entre os vivos, lugares mal-assombrados, espiritismo, obsessão e "poltergeists", dividindo as descobertas com Alfredinho. Lilith, olhando-os de longe, tinha um olhar desanimado.
"O que os idiotas estão planejando?" pensava.
Olhave-os de soslaio e eles não ousavam perguntar se José Afonso ainda a assediava.
Finalmente, Marcão viu um ritual na Internet para afastar espíritos perturbados. Animado, anotou-o num caderno e ligou para Alfredinho:
-Alô, Alfredinho?
-Que é, Marcão?
-Sei de um ritual.
-Acha que dá certo?
-Temos que tentar. Eu não aguento mais. Mas há uma coisa que será difícil.
-Qual é?
-O ritual necessita de um médium com um grau elevado de cognição.
-Lilith!
-É a única pessoa que conhecemos que possui um grau altíssimo de mediunidade.
-Marcão, será que ela vai concordar?
-Teremos que convencê-la. Eu também tenho um objeto pessoal do José Afonso, um livro que ele tinha me emprestado.
-Sei não, Marcão. A gente nunca fez isso antes. Não será outra burrada? A Lilith disse que a gente não devia...
-Você quer aguentar o fantasma do José Afonso lhe assombrando pelo resto da sua vida? Termos que pagar até quando?
-Está bem, vamos arriscar.desligou.
Marcão sabia que havia perigo no ritual, mas pensava que não dava mais para retroceder. Não dissera a Alfredinho que o médium que participava desse tipo de ritual punha sua própria vida em risco.
"Bem, eu não quero a morte da Lilith. Se eu pudesse, chamaria outra pessoa, mas não conheço mais ninguém com esse poder. Pelo que vi, o grau do poder dela é dos mais elevados."
Leu várias vezes o ritual, sabendo que a menor falha podia ser desastrosa e que o medo poderia atrapalhá-lo quando ele mais precisasse acertar. Seria preciso usar de muita persuasão para convencer Lilith a participar do perigoso ritual.
O dia seguinte era quinta-feira, em que haveria poucas aulas. Marcão e Alfredinho procuraram Lilith no intervalo. Ela estava recostada na parede, o ar pensativo. Ao vê-los, seu rosto adquiriu uma sombra de contrariedade.
-O que vocês querem? Se querem saber se o José Afonso continua aparecendo, já sabem a resposta!
-Por favor, Lilith - Marcão sentou ao seu lado - você tem que nos ajudar.
-Eu não posso ajudá-los. Sabem, eu queria ajudar a mim mesma, porque é horrível...ver o que vejo. parecia à beira das lágrimas.
-Sabe, Lilith, não há cura para essa sua...capacidade. observou Alfredinho.
-Eu sei que não, seus dois idiotas. Assim como sei que o José Afonso tem assombrado seus sonhos todas as noites.
-Por isso você pode nos ajudar.Marcão sorriu.
-Não, não posso.Se precisam de ajuda, procurem um padre, um pastor ou um centro espírita. Eu não tenho nada a ver com...
-Desculpe, Lilith. Tem sim. Você vê o José Afonso, assim como vê várias pessoas mortas, sendo capaz de se comunicar com elas. Seu talento é muito...raro.
-Você acha que é divertido ser como sou, Marcão? Gostaria de que gente morta lhe assediasse? Aliás, quer saber quantas pessoas mortas estão andando aqui agora? Sabe, você pode pensar que está sozinho, mas há várias almas circulando ao seu redor e, no final, quer saber de uma coisa?
-Qual?quis saber Alfredinho.
-Você se dá conta de que, ainda que cercado de tantos espíritos, você está mesmo sozinho. Eu tenho sentido isto desde os quatro anos! Claro que só fui compreender muito depois!
Marcão resolveu ir direto ao assunto:
-Mas você prefere que a maioria dos vivos não saiba, não é? Você estaria bem pior se seu segredinho se espalhasse. Todos olhariam você e não mais pensariam que você é uma esquisita. Teriam certeza.
Desta vez, Marcão se arrependeu de suas palavras. Lilith lhe deu um tapa na cara e, enfurecida, com os olhos mais escuros e a pele mais lívida, disse:
-Pois não perca seu tempo falando com uma esquisita! Vá...
-Lilith, você desculpe o Marcão. Ele...
-Ele é um grosso! E um chantagista! Por que está me chantageando? O que você quer? Não é coisa simples, eu percebo!
Marcão esfregou a face dolorida e falou:
-Desculpe, Lilith, eu não devia ter falado assim. Bem, deixe eu explicar. O Alfredinho e eu faremos um ritual para afastar espíritos obcecados e vingativos. 
-Isso é idiotice, Marcão. E um perigo. Já ouviu falar de exorcismo?
-Claro, Lilith. Quem não viu O Exorcista?
-Pois bem. Não é qualquer padre que pode expulsar demônios! Apenas os que se especializaram podem fazê-lo, porque o exorcismo é muito perigoso!
-Pois o ritual que faremos, Lilith, requer um médium com um alto grau de sensitividade. Poucos o possuem, Lilith, mas você o tem.
O rosto de Lilith se converteu numa máscara de fúria. Ela balbuciou:
-Se-seus dois covardes desgraçados! Não podem me obrigar! Eu nunca quis participar desses rituais! 
-Calma, Lilith, pense bem. Se você nos ajudar, o José Afonso para de perturbar a todos nós.opinou Alfredinho.
-E mais, gatinha. Ou você nos ajuda ou eu espalho seu segredo. Marcão a olhou com ar vitorioso.
-Vocês não têm prova. Será minha palavra contra a de vocês. Lilith ergueu o queixo, desafiando-os.
-Mas todos adorarão ter mais o que falar sobre você, não?Marcão lhe devolveu o olhar.
-Isso não está certo! Não podem me chantagear assim! E vão mexer com espíritos usando um ritual pego da Internet?! Nem sabem se o site é sério!
Marcão lhe segurou o queixo, obrigando-a a olhar bem nos olhos dele.
-Lilith, pense bem. Você nos ajudar e, se tudo der certo, o José Afonso vai embora e nós ficamos em paz. Se você não nos ajudar, eu espalho seu segredo na Internet. E você sabe como o povo não quer saber se é mentira ou verdade.
Uma lágrima desceu do olho de Lilith, que xingou Marcão:
-Cachorro, nojento! Eu devia...
Alfredinho teve pena dela, que parecia muito vulnerável e abatida. Pôs a mão no seu ombro.
-Lilith, nós não queremos seu mal. Só queremos ter paz.
Marcão resolveu falar com brandura:
-Olhe, Lilith. Eu imprimi o ritual e, se fizermos tudo certo, nada dará errado. Eu cuidarei disso.
-Por isso mesmo não estou segura.
Alfredinho e Marcão se entreolharam e o último riu amarelo, comentando:
-Você tem uma língua afiada, gatinha.
-Como posso confiar em vocês dois depois de todas as burradas que fizeram?
-Tudo bem, princesa. Mas você vai ou não nos ajudar? Marcão levantou as sobrancelhas, impaciente.
-Está bem, eu vou.deu-se por vencida.
-Sabíamos que nos ajudaria, princesa.
-Não enche, Marcão. Vocês dois me chantagearam. Foi golpe baixo.
-Calma, Lilith. Logo, tudo vai acabar.prometeu Alfredinho.
-E ninguém vai mais lhe perturbar, gatinha. Alfredinho, vamos voltar para a sala.
Lilith os viu se afastar, tomada por um mau pressentimento. Olhou à sua direita e falou baixo:
-Por que você está rindo? Isto não é brincadeira.
Um rapazinho que passava longe viu e comentou com um colega:
-Aquela ali não é a doida da Lilith?
-É sim.
-Eu acabei de vê-la falando sozinha.
Os garotos saíram rindo, sem ver que Lilith os percebera e os observava.
-Não sei o que diziam de mim, mas não era algo bonito.

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quinta-feira, agosto 20, 2015 - 15:28

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