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O fim do Serafim
O Serafim andava triste e melancólico de há uns dias para cá, mas como toda a vida havia sido uma pessoa sizuda e calada, quase passava despercebido às gentes cá do sítio. Naquele dia, porém, achava-o mais melancólico ainda do que lhe era natural e até falei sobre isso com o meu compadre, à hora da bucha, mas ele não achou nada de mais e por ali ficamos. Mas havia alguma coisa de estranha naqueles momentos e não resisti a abeirar-me do vizinho Serafim, pois a curiosidade amofinava-me em contínuo. "Então vizinho Serafim você hoje parece inquieto homem!". Quase nem se mexeu, engoliu a giginha, talvez a sexta ou sétima da manhã, e murmurou numa voz já algo turva, "onde vou não sabeis, mas há noite levo seis", e dito isto mandou o Xavier encher o copo, de novo. Dei-lhe uma palmada nas costas e despedi-me "coma qualquer coisa Serafim, não esteja só a pingar a alma, até logo". Já quase me preparava para dormir quando um alvoroço enorme vinha da rua, eram a gente da terra na rua, como se o Carnaval viesse antecipado e cheio de genica, aos brados e lamentos. Vesti-me apressado e abeirei-me da multidão lá fora. Percebi rapidamente que algo trágico fora, mas não o quê. Lá encontrei o Xaneco e o irmão que então me contaram que o velho Serafim, tinha enlouquecido de vez e se havia matado, mas não foi sozinho, antes porém, o homem matou o cunhado e a mulher, as duas primas da parte da mãe, o vizinho do lado, o Amilcar e a mãe, em suma, os seis que o velhote havia sussurrado e que eu não percebi que mal fosse. Agora, na aldeia, todos têm medo quando ouvem alguém dizer (nem por brincadeira) "levo seis", ou "levo dois, etc", e deixam-se ficar fechados em casa até ao amanhecer, não vá a desdita acontecer. Eu cá por mim, não me preocupo, não levo nem um nem ninguém, vou sozinho e vou muito bem, e pelo contrário, se quiserem ver-se livre de mim, ainda vão ter de me levar...Mas enquanto cá andar, vou tentar estar atento quando voltar a sentir alguém pedir ajuda sem falar...
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Comentários
Re: O fim do Serafim
Este Serafim foi mesmo uma praga hem? Gostei da história, mas mais do final, eu também sou teimosa, não tenho medo, se quiser, tem que me levar! Abraços
Re: O fim do Serafim
Um conto que nos deixa perplexos, tamanha a conjuntura que se insere na desdita
Há um mote que nos leva sempre a um sítio qualquer, mas nada havia premeditado que que no dia-a-dia entre iguais, as horras sejam passadas em turbilhão de sentimentos e o motetivesse um encontro com a morte, assim
gostei muito
Beijos
Matilde D'Ônix