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O Muro
Esse muro que parecia ser de concreto, que transmitia uma solidão, uma frieza sem igual, possuía vida. Será possível acontecer tal fato? Sim, era possível, pois aconteceu naquela madrugada como em muitas outras.
Aline chegou do curso, já altas horas da noite, comeu algo e foi deitar-se. Na cama ficou pensando... Pensou mil coisas até que o sono chegou. Este por sua vez não lhe trouxe paz como em muitas outras noites, foi um sono agitado, alguém que pedia por socorro, um grito estridente, um temporal, tudo escuro.
Tal como o sono, Aline acordou agitada, mas procurou esquecer o pesadelo e achou forças para enfrentar mais um dia de trabalho e muito estudo.
Na noite seguinte, como em todas as outras que sucederam, teve o mesmo sonho, o mesmo grito de socorro, que agora tomava forma, um muro. Não havia ninguém, apenas aquela voz e o muro, que agora já estavam interferindo na vida de Aline.
Como uma moça calma, em seus vinte e três anos (23) incompletos, mas com muita responsabilidade e equilíbrio poderia deixar-se abalar por um sonho?
O fato existia, e Aline já estava totalmente abalada, não estava desenvolvendo seu trabalho no escritório com a mesma segurança de antes. E os estudos? Ah, os estudos já não eram executados há muito tempo...
Numa certa noite Aline resolveu mudar o caminho que a conduzia a sua casa, pois há muito tempo ela não modificava algo em sua vida. Ninguém sabe dizer se foi a melhor ou a pior coisa que ela fez naquela noite. Quando passava pelo outro quarteirão, não muito conhecido, ela ficou paralisada; suas pernas não se moviam, pois tremiam de medo. Aquele muro, aquela escuridão que conhecia apenas em sonhos, agora eram reais, estavam ali, a poucos passos dela, e isso a apavorava!
Correu para casa quando o medo tomou conta de todo seu ser. Lógico que não conseguiu dormir, afinal ela não queria dormir! Mas o sono chegou e com ele a mesma voz e o muro, que agora se dirigiam a ela:
"_ Aline... Aline... Agora você já me conhece, venha, venha... Não perca tempo, eu te esperei por muito, muito tempo, agora você tem que vir, VENHA!"
Apavorada, ela não sabia o que fazer. Aquilo não era um sonho, era uma mensagem, pois o muro existia, ela o conheceu naquela noite. Era tudo uma loucura, um absurdo! Mas Aline cedeu ao chamado, foi ao encontro do "muro". O que ele queria dela?
Era madrugada, Aline estava lá, ventava muito, uma escuridão ameaçadora, um frio intenso percorreu seu corpo, uma força incrível tomou conta e fê-la subir no muro. Nesse instante caiu um temporal, Aline permaneceu imóvel olhando paralisada o outro lado, abriu os braços e atirou-se, caindo num abismo eterno e soltando um grito estridente.
Ninguém soube o que e como aconteceu, apenas encontraram um corpo jovem e um sorriso em seus lábios, o que modificou a vida de todos os seus entes que vivem se perguntando:
"_Como pôde morrer assim, com um sorriso nos lábios?"
Fim.
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Comentários
Re: O Muro
Olá Civana
Obrigada por participar. Li o seu conto e acolhi as suas palavras com muito carinho. Uma história deveres emocionante
Beijos
Matilde D'Ônix
Re: O Muro
Obrigada por participar. Li o seu conto e acolhi as suas palavras com muito carinho. Uma história deveres emocionante
Beijos
Matilde D'Ônix
Olá Ônix,
Muito obrigada, poetamiga! Fico muito feliz com a acolhida, e por ter gostado do conto!
Bjos :)
Re: O Muro
Civana
Um muro feito em suspense , de mistério.
Um muro lindo que nos faz pensar, sonhar e indagar que poderia Aline fazer...
Adensado o Mistério, desperto pelo seu génio, numa escrita bem formulada e bem temperada
amei
Re: O Muro
amei
Olá Mefistus,
Esse conto escrevi com 17 anos, e foi publicado esse ano, aos 47 anos. É muito especial, lembro-me de cada detalhe ao escrevê-lo, essa volta ao passado é maravilhosa!.
Muito obrigada pela leitura, e carinhoso comentário.
Bjos ;-)
Re: O Muro
Um escrito deveras interessante
Gostei bastante
Bjos
Re: O Muro
Bjos jopeman, adorei saber que gostou do conto! ;-)