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O que queres tu de mim?

“O que queres tu de mim?”

É a pergunta que está permanentemente dentro da minha cabeça.

Pergunta que questiono a mim mesmo a todo o tempo, constantemente.

Aproxima-te de mim, deixa-me observar-te completamente. Acalma a tua respiração ofegante, pois é necessário ter calma neste situação. Senta-te, não a meu lado, mas sim rigorosamente perto de mim, para que não deixe de observar o teu olhar. Reflecte bastante, liberta a tua mente, e responde-me: “O que queres tu de mim”?

Momentos de puro silêncio contemplam o momento.

Estou petrificado, à espera da tua sincera e verdadeira resposta. Olha-me nos olhos, e responde-me.

Apenas escuto a tua respiração ofegante, como quem tem algo importante a dizer, mas falta-lhe a coragem. A minha respiração? Congelou com o silêncio.

O tempo passa, e o mero silêncio mantém-se. Estou a dar em doido, num estado de pura a sadia loucura. No meio do silêncio, escuto os ponteiros do relógio a “marcar” as horas – Já se faz tarde. Reparo no tempo que gastei em ti, todas as horas e os minutos em que me entreguei a ti. Esse tempo passou – “Era uma vez”, tal como nas histórias de encantar infantis.

Mais uma hora, e ainda nenhuma palavra saiu da tua boca. Nem um único gesto também. No entanto, não desvias o olhar de mim. Parece que te hipnotizaram, e não consegues desviar o olhar para mais nada, nem para nenhum objecto. Tento ao máximo não olhar para ti, mas sim para aquilo que está a meu redor, – meros objectos insignificantes, fotografias, o relógio – mas não consigo. Tento, mas não dá para disfarçar. Olho finalmente para ti, tal como tu para mim, de forma intensa e da maneira como parece que tens algo sério para me dizer, e reparo… Reparo que, estás diferente. Diferente, para pior, talvez. O teu olhar, encontra-se sombrio e triste ao mesmo tempo. O teu sorriso, aquilo que usas para tentar disfarçar a tua mágoa e tristeza. Tristeza essa, talvez devido à resposta que vais dizer-me àquela questão que me consome. A questão que preenche todo o meu pensamento diariamente, constantemente…

É quase noite, mais concretamente, o Sol está a pôr-se. Subitamente, o relógio pára, e finalmente, escuto um suspiro teu, como se parecesse de saturação e cansaço. A tua respiração normal voltou, e aí, mexes-te finalmente. Caminhas em direcção em mim, lentamente, e sentas-te mesmo a meu lado.

A minha respiração volta, torna-se demasiado ofegante devido aos nervos que me percorrem pelo corpo inteiro. Não consigo respirar, e o meu batimento cardíaco está muito forte. “É agora. Finalmente saberei a resposta”, digo eu para mim próprio, apesar de ter a noção de qual será a resposta.

Agarras a minha mão direita, enquanto te aproximas ainda mais de mim. E aí, diriges-te até ao meu ouvido. Ao início, não percebi porquê, mas depois…

Diriges-te ao meu ouvido, e aí sussurras “a resposta”. Um sussurro quase impossível de se escutar.

”Nada. Foi bom enquanto durou”, foi a tua resposta. Aquilo que me sussurraste.

Petrifiquei-me novamente, enquanto deixo cair no chão o copo com água que se encontrava na minha mão esquerda. O barulho do copo a cair, representou o fim. E os estilhaços de vidro, representam a forma como o meu coração ficou, após aquelas palavras

Olhas-me nos olhos uma última vez, e dizes adeus. Eu, completamente congelado e quieto, nada faço. Encontro-me sem reacção.

Levantas-te lentamente, e diriges-te à porta. Aí, eu observo-te a ir, e mesmo assim nada faço.

Morri ali. Somente me recordava do som do copo a cair no chão, o momento em que me respondeste. Não consigo mexer-me, nem sequer sou capaz de falar, de te “retribuir” o adeus, embora não quisesse dizê-lo. Por isso, decido agora escrevê-lo, pois não tive a capacidade de o dizer.

O que é que eu quero de ti? Dizer-te ”Adeus para sempre”.

 

[ Autoria de: Ivo Marques Resende ]

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terça-feira, maio 10, 2011 - 20:49

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