OBRIGADA, SÃO PAULO - 455 ANOS!

OBRIGADA, SÃO PAULO!

==455 ANOS DE AMOR!==

Tu me abriste os braços
Quando aqui cheguei
Sem rumo, ávida e sentida,
Por qual motivo, nem sei
E neste mundo de aço
- Guardou-me em teu coração.

Ouviste, silenciosamente,
O pranto que eu verti
Na solidão das noites frias...
Acompanhaste meus passos incertos
Por tuas vielas vazias
- Onde eu jamais me perdi.

Mergulhei profundamente nas retinas
De tuas noites profanas...
Sorvi o chope gelado
Naqueles bares das esquinas,
Na solidão das madrugadas
- Sem Copacabana!

Aspirei teus ares poluídos,
Dos motores tresloucados,
Que aos meus olhos desfilavam
Roncos ligeiros, assustados
Sem razão ou sentido.
- Tossi a fuligem de tuas ruas!

Caminhei por alamedas floridas
De teus parques de Araucárias,
Respirei o ar de vida
De tuas árvores centenárias.
Varei noites, pensei dias
- Saciei-me em tua alegria!

Eu vi chegar ao teu seio
O irmão do Norte e do Sul.
Vi brilhar em todo meio
A tua estrela azul...
A estrela do Bandeirante,
Do foragido – do imigrante!

Dei vazão aos sentimentos
Na continuação dos sonhos
Enfrentei o cruel tormento
De pesadelos medonhos.
No traçado de tuas rotas
- Não me quedei na derrota!

Do possível sonho eterno,
De teus traços imprecisos.
O velho, jovem moderno,
Ao revés de meu juízo.
Adormeci em teu inferno...
- E despertei em teu paraíso!

(Maria Emilia Pereira)

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