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Saturnina - 3. Punctum Saliens
3. Punctum Saliens*
(...)
O interesse desperto, de início, era pela estática dos corpos. Os lábios mal se encostavam – entre o desejo e o desejado, havia ainda um entreolhar que ditava os segundos de aguardo. Podia ter sido um beijo roubado, fulminante, mas era um fato esperado por ambos.
Esta mania de a espremer contra si, sem dar-se conta do mal que lhe causava (ou do prazer), do quanto doía em seu corpo e em sua alma ficar sem ar – roubando-lhe os momentos em que havia pensamentos a serem concluído ou tirando-lhe a atenção – começava a ganhar um novo ritmo, uma intensidade diminuta, afrouxando a força dos braços, não como um cuidado para com o corpo frágil que faceava, mas num movimento de entrega de si num território que ia explorando aos poucos, ainda com ressalvas.
(...)
Ela experimentava lábios de fina espessura, firmes, encarnados e frios, que assim como os olhos, pareciam guardar, todavia, mais de si, um enigma que aos poucos ela dissolvia, em pequenos e tímidos movimentos e uma respiração comedida. Ele experimentava lábios túmidos numa opacidade brilhante, como fina seda maciça, que diante de si exibia uma afronta ao seu próprio jeito de conduzir as coisas.
A aproximação com este homem a fazia, assim como o contato de sua língua, enrondilhar círculos de pensamentos, numa embriaguez confortável, estendida e plena. Via o amor mais como uma força, uma carga energética do que uma seleta de sentimentos. Não que esperasse amor da tradução deste silêncio que jazia entre seu corpo e o do outro. Vivia mais no rompante desta força legítima do que nas suposições vagas e inocentes tão comumente usadas para defini-lo.
Os lábios parecem nunca se bastarem – exigem tudo o que for tangível no corpo: mãos, face, quadris, cabelos, pescoço e tudo o que for pele. E as palavras que parecem manter nosso domínio sobre o mundo, suprimem-se e vagam apenas na cabeça dela, porque ele é impulso, propulsão, mais que razão, é cuidado e instinto.
E como é força que tem a necessidade de ser mais força, rompe ainda mais o comportamento bem-visto, esquivando-se do comedimento e a quase suspendendo contra a parede, como se o momento não pudesse deixar escapar – porque assim que a deixasse sair de seu domínio, haveria pensamentos e valores, haveria a si próprio para encarar, haveria tradução e representação disso tudo. (...)
*Ponto Saliente (latim).
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Comentários
Re: Saturnina - 3. Punctum Saliens
Sou fã incondicional de Saturnina,
E neste trecho descubro porquê!
Flutuo nesse Universo gigantesco de teu talento
Cativo!
Re: Saturnina - 3. Punctum Saliens
gentileza sua... srsrsrsrs
^^