CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Schopenhauer e o Idealismo Alemão - Parte XIV - Considerações Finais

Não seria errado supor que o Pensamento de Schopenhauer, tanto por seu conjunto, quanto por partes isoladas, cause rejeição na maioria.
Também não seria equivocado pensar, que a maior causa dessa antipatia provenha do fato de que ele expõe de maneira inelutável a mais pura verdade, da qual, é óbvio, devem-se expurgar algumas circunstâncias temporais e específicas.
E a verdade nos machuca. Principalmente porque lutamos todos os minutos de nossas vidas para ocultá-la, para esquecê-la, criando para tanto uma série infinita de artifícios que nos iludem ao ponto de olvidarmos a nossa insignificância. A verdade nos machuca, pois a cada emersão, ela nos desnuda das quimeras e fantasias que tecemos na tentativa de encontrar algum sentido para a nossa existência. Machuca-nos, por mostrar que tudo que fazemos, na verdade, é apenas uma repetição do que faz Sísifo* e que somos apenas uma peça descartável dentro de uma enorme engrenagem que não conseguimos compreender.
É claro que existem bons momentos. Horas e situações felizes. Fatos agradáveis. Mas, como discordar de Schopenhauer quando ele afirma que a Vida é uma luta constante e, portanto, um sofrimento contínuo? Como negar que somos movidos pelo Eterno Querer? Que somos atormentados pelo Tédio nas vezes em que a Vontade é satisfeita?
Não! Não há como discordar.
Quando Schopenhauer trouxe à luz o seu Sistema, estava, é certo, destilando as suas frustrações pessoais, mas também estava resgatando as antigas doutrinas do Oriente, cujo cerne está na aceitação resignada de que a Vontade da natureza é muito mais poderosa que a do homem.
Resgate, aliás, que é um fenômeno recorrente na história ocidental, como se pode observar noutras ocasiões em que catástrofes naturais ou provocadas pela humanidade arrasaram qualquer “Otimismo” que vigorava no momento.
E a ressaca produzida pelas guerras napoleônicas, concretizada na enorme quantidade de mortos, feridos, inválidos e desabrigados; bem como na penúria geral, na miséria e na fome que delas também resultaram, fez o cenário adequado para que o “Pessimismo Filosófico” fosse aceito prontamente. Aquele meio ambiente devastado era a reprodução exata do animo dos homens sobreviventes.
Mas, e agora? Esse “Pessimismo” ainda se justificaria?
Afinal, vivemos a época do avanço tecnológico, da saciedade alimentar (em alguns casos até excessiva, como bem demonstram os obesos), da cura de doenças fatais, do crescimento da expectativa de vida e, até, do crescente progresso na conscientização ética com as lutas contra a homofobia, contra a misoginia, contra a discriminação étnica etc.
Porém, o “Pessimismo” ainda se justifica pelo simples fato de que o homem continua a ser o que sempre foi. Todas as mudanças citadas não foram capazes de lhes alterar a essência, pois elas só acontecem na superfície, bastando que “as câmeras de TV” deixem de filmar, para que o indivíduo volte à sua condição original.
Exemplos da continuidade do racismo são comuns; das discriminações sexuais e sociais, idem; o apego ao materialismo cresceu ao ponto de não se evitar (e talvez nem se condenar intimamente) as falcatruas que forem necessárias para se enriquecer; a desagregação comunitária e familiar é patente e vários outros exemplos demonstram à exaustão que nada foi alterado, ainda que a maquiagem tenha sido retocada.
Contudo, quando olhamos o Desejo, a Vontade com outros olhos, vemos que nele reside a força motriz que faz o homem progredir. Assim, por este prisma, somos tentados a pensar que o “Pessimismo” talvez não se justifique, pois bastaria ao homem canalizar esse poder para inverter o eixo da questão, deixando de ser escravo para se tornar o Senhor da Vontade.
E, talvez, seja esse o caminho que se abre à nossa frente. Um longo e árduo caminho, em terreno pantanoso e sem sinais indicativos do certo e do errado. Mas é preciso exercitar a esperança e acreditar no Poeta** que diz:

Caminhante, caminho não há. O caminho se faz ao caminhar.

São Paulo, 17 de Julho de 2014.
 

Nota do Autor – Sísifo*, condenado pelos deuses a carregar eternamente uma pesada pedra morro acima apenas para vê-la rolar no caminho de volta. Sísifo é uma representação comum da inutilidade do trabalho e da própria vida humana.

Nota do Autor - Poeta** espanho Antonio Machado (1875-1939)

Produção e divulgação de Pat Tavares, lettre, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de RP., do Rio de Janeiro em Junho de 2014.

Submited by

quinta-feira, julho 17, 2014 - 15:22

Prosas :

No votes yet

fabiovillela

imagem de fabiovillela
Offline
Título: Moderador Poesia
Última vez online: há 8 anos 14 semanas
Membro desde: 05/07/2009
Conteúdos:
Pontos: 6158

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of fabiovillela

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - O BARBEIRO DE SEVILHA - Resenhas. Parte II 0 3.132 02/27/2015 - 15:18 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - O BARBEIRO DE SEVILHA - Resenhas. Parte I 0 5.222 02/24/2015 - 20:46 Português
Poesia/Tristeza Ana e a Bala Perdida 0 2.421 02/22/2015 - 15:14 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - CARMEN - Resenha. 0 3.570 02/20/2015 - 18:03 Português
Poesia/Geral A Quaresmeira de Poços 1 1.614 02/18/2015 - 19:37 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - AÍDA - Resenhas 0 5.338 02/12/2015 - 17:09 Português
Poesia/Geral Amores e Realejos 0 2.397 02/09/2015 - 13:17 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - Mme. Butterfly - Resenhas 0 2.424 02/05/2015 - 15:20 Português
Poesia/Amor Infinitos 0 2.305 02/02/2015 - 13:42 Português
Poesia/Amor Recomeços 0 1.063 01/31/2015 - 18:40 Português
Poesia/Tristeza Anjos e Esquinas 0 2.157 01/30/2015 - 19:38 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - Parte IX - Quadro Sinótico e breve Glossário 0 3.937 01/27/2015 - 13:41 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - Parte VIII - A Ópera no Brasil 0 6.174 01/26/2015 - 21:02 Português
Poesia/Amor Aqui 0 1.261 01/25/2015 - 23:26 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - Parte VII - A Ópera Alemã. 0 6.081 01/23/2015 - 19:46 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para inciantes - Parte VI - A Ópera francesa. 0 1.425 01/22/2015 - 23:59 Português
Poesia/Geral A face no espelho 0 2.736 01/21/2015 - 01:09 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes - Parte V - O desenvolvimento da ópera italiana. 0 3.415 01/20/2015 - 18:56 Português
Prosas/Outros A Ópera no Ocidente - Parte IV - Uma breve história - A Ópera italiana. 0 8.247 01/19/2015 - 19:23 Português
Prosas/Outros Ópera, guia para iniciantes - Parte III - Apêndice "O estilo Kunqu" 0 2.898 01/16/2015 - 14:10 Português
Prosas/Outros Óperas, guia para iniciantes. A história da ópera. A ópera chinesa. 0 3.962 01/15/2015 - 20:58 Português
Prosas/Outros ÓPERAS, guia para iniciantes - Parte I - Sinopse 0 2.863 01/14/2015 - 13:12 Português
Poesia/Amor Quartos 1 1.690 01/13/2015 - 21:35 Português
Prosas/Outros Descartes e o Racionalismo - Parte XIV - Apêndice, o Empirismo - segunda parte 0 4.371 01/08/2015 - 14:26 Português
Prosas/Outros Descartes e o Racionalismo - Parte XIII - Apêndice "O Empirismo" 0 3.864 01/07/2015 - 14:37 Português