VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO?

A frase "VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO", consta na letra da Canção do Expedicionário Brasileiro, que revela os recantos de onde vieram os Soldados que fizeram parte do Corpo de Expedicionários na Segunda Guerra Mundial: dos vales, dos cafezais, da casinha pequenina, etc., etc., do coração do Brasil, enfim, para fazer parte de um Combate Mundial em defesa da Liberdade de Expressão.

E, "VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO?"
Venho do Sangue e da Memória de um destes Expedicionários, que foi Soldado Voluntário e, depois da Guerra, foi meu pai e de mais 10 filhos, criados com muito Amor à Pátria, junto de nossa mãezinha inesquecível.

Pois bem, para falar da Memória de onde eu venho, não saberia falar de ódios e de vinganças, mas sim de uma grande lição de Perdão e de Amor pela Pátria Brasileira.

Ao voltar da guerra, meu pai e seus amigos expedicionários, seguiram  encontrando-se numa grande Fraternidade Humana, pois, bem no fundo dos seus corações, sabiam os verdadeiros motivos deste combate colossal, que os irmanou para toda a vida como quem conhece segredos de uma Pátria esquecida, que mora no coração de cada um de nós, Seres Humanos que habitam neste Planeta.

Os grupos de expedicionários que conheci, foram muito bem acarinhados pelos governos regionais, e sempre honrados pelo serviço prestado à Pátria, como um relicário onde se deposita uma confiança e uma Serenidade conquistadas a muito custo!

Por sua vez, os Expedicionários que conheci, transmitiram às suas famílias um grande sentimento de respeito pelo lugar em que haviam nascido, e onde seria o depósito dos melhores Sonhos e Projetos de uma vida, enfim, vivida em PAZ!

Lembro que, quando criança e depois na juventude, nós, filhos e filhas desses Soldados Brasileiros, - além dos estudos, do lazer e dos sonhos próprios da idade, tínhamos uma preocupação muito grande e séria com toda e qualquer guerra que acontecia em todos os recantos do mundo, porque, de certa forma, através das lembranças de nossos pais, tínhamos vivenciado virtualmente os horrores e os medos de um conflito mundial das proporções da Segunda Grande Guerra.

Até o momento histórico atual, nossas escolas e nossos professores repassavam aos seus alunos uma imagem cívica e de Respeito a estes Expedicionários maravilhosos. Assim, também, em nossas Famílias, o Respeito foi ensinado de uma Geração para a outra, sem esquecimento da História vivida e contada pelos Soldados do Brasil.

Porém, qual não foi a surpresa, quando um neto de um destes expedicionários voltou para casa num dia comemorativo aos Pracinhas, e disse que um professor (infeliz) falou aos alunos que a única coisa que os Soldados Brasileiros foram fazer na Segunda Guerra, foi a diversão.... nada mais!!!

Nosso menino estava desgostoso com o jeito com que a História foi repassada para esta nova geração de alunos.

Nossas famílias Expedicionárias se entristeceram enormemente, percebendo que a História está tomando novos rumos, com os mais jovens aprendendo fatos distorcidos de uma guerra que transformou radicalmente a vida no Mundo inteiro e também no País.

Portanto, você que conhece a verdadeira história dos Expedicionários brasileiros, e conhece o teor carinhoso da Canção a eles dedicada, sabe muito bem "DE ONDE EU VENHO"....de onde todos eles vieram, e de onde vieram os seus filhos, mas desconhecemos, hoje, a direção que querem dar à Memória destes corajosos Soldados, que estão, na sua grande maioria, descansando em Paz na dimensão espiritual da Vida.

Para que continuem descansando em Paz, é preciso que seus filhos não vejam manchada a sua História por causa de novas ideologias e crenças que alguns grupos políticos pretendem adotar, sem levar em conta a VERDADE e a JUSTIÇA!

MAS...

..."- VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO"???

... de uma memória humana que aprendeu a respeitar a HISTÓRIA sem maltratá-la ou distorcê-la ainda mais perante a ignorância de quem está - aparentemente - nascendo "hoje", e não possui lembranças verdadeiras para contrapor aos que não conhecem escrúpulos e nem o Respeito a quem pode provar durante toda uma Vida, que não se pode fazer outra História movida a interesses ideológicos somente.

Eu venho de um mundo que alguns parecem querer esquecer muito rapidamente, para substituir pela Mentira e pela fragilidade das intenções humanas dos que desejam inverter a história em prol de ideologias incertas. Venho das famílias expedicionárias, cuja memória só vai se apagar quando, enfim, também descansarmos como nossos pais estão descansando, na paz, enfim, de uma guerra que ainda não terminou. Apenas gostaríamos de fazer um pedido aos novos divulgadores da história: por favor! Respeitem a Verdade, não aquilo que ideologias querem colocar acima do que todos os nossos pracinhas nos relataram em vida, com o coração contrito de dor, e com a Esperança de que nenhum país no mundo jamais precisasse repetir o que essa geração vivenciou.

Saleti Hartmann
Pedagoga/Professora e Poetisa
Pós-Graduanda em Psicopedagogia
Cândido Godói-RS