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Thiago de Mello - Canção para os fonemas da alegria

CANÇÃO PARA OS FONEMAS DA ALEGRIA

Thiago de Mello

A Paulo Freire

Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraldar
este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor
quando reparto o ramo azul de estrelas
que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar,
no alfabeto do sol pernambucano
a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

e pode ver que dentro dela vivem
paredes, aconchegos e janelas,
e descobrir que todos os fonemas

são mágicos sinais que vão se abrindo
constelação de girassóis gerando
em círculos de amor que de repente
estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem há casa: é só o chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é um homem
diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida
no seu peito partida e repartida
quando afinal descobre num clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena que paga por ser homem,
mas um modo de amar - e de ajudar

o mundo a ser melhor
Peço licença
para avisar que, ao gosto de Jesus,
este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando
a boa-nova, e chama os companheiros
a pelejar no limpo, fronte a fronte,

contra o bicho de quatrocentos anos,
mas cujo fel espesso não resiste
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar
soletrando a canção de rebeldia
que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer
nos olhos do homem que aprendeu a ler.

Santiago do Chile,
primavera de 1964.

Thiago de Mello teve o privilégio de nascer no lugar mais verde do planeta: a Amazônia, em 1926, na pequena cidade de Barreirinha. Ainda criança mudou-se para Manaus e mais tarde foi para o Rio de Janeiro, com o objetivo de estudar medicina. Abandonou o curso para dedicar-se ao ofício de poeta. Sua premiada obra, que já foi traduzida para mais de trinta idiomas, retrata a esperança, o amor à vida, à natureza e ao próximo.

Suas obras sao traduzidas para mais de trinta idiomas. Seu poema mais conhecido é "Os Estatutos do Homem", onde o poeta chama a atenção do leitor para os valores simples da natureza humana.

Seu livro "Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida" tornou-o conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos.

Em homenagem aos seus 80 anos, completados em 2006, foi lançado, pela Karmim, o CD comemorativo "A Criação do Mundo", contendo poemas que o autor produziu nos últimos 55 anos, declamados por ele próprio e musicados por seu irmão, Gaudêncio Thiago de Mello.

OBRAS; Poesia * Silêncio e Palavra, 1951 * Narciso Cego, 1952 * A Lenda da Rosa, 1956 * Faz Escuro, mas eu Canto, 1966 * Poesia comprometida com a minha e a tua vida, 1975 * Os Estatutos do Homem, 1977 * Horóscopo para os que estão Vivos, 1984 * Mormaço na Floresta, 1984 * Vento Geral Poesia, 1981 * Num Campo de Margaridas, 1986 * De uma Vez por Todas, 1996


Prosa * A Estrela da Manhã, 1968; * Arte e Ciência de Empinar Papagaio, 1983 * Manaus, Amor e Memória, 1984 * Amazonas, Pátria da Água, 1991 * Amazônia — A Menina dos Olhos do Mundo, 1992 * O Povo sabe o que Diz, 1993 * Borges na Luz de Borges, 1993

http://www.revista.agulha.nom.br/tmello.html


 

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sexta-feira, julho 8, 2011 - 20:09

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