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Convidado do mês Março de 2011: Anthero Monteiro

Convidado do mês Março de 2011: Anthero Monteiro
Biografia de Anthero Monteiro
Anthero Monteiro nasceu na vila de S. Paio de Oleiros, concelho de Santa Maria da Feira, em 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e fez o Mestrado em Estudos Portugueses na Universidade de Aveiro, com uma tese já publicada sobre O Misticismo Laico de Manuel Laranjeira.
Foi professor de Português e de Língua Francesa. Durante dois anos, foi orientador-delegado de estágios no Gabinete de Português da Direção-Geral do Ensino Básico, no Porto. Foi também formador de docentes na área da Didática Específica de Língua Portuguesa.
Publicou, em co-autoria, oito manuais de Língua Portuguesa para o 2.º Ciclo do Ensino Básico, no nosso país e em Cabo Verde. Colaborou ainda num dicionário de Língua Portuguesa.
Publicou artigos de índole pedagógico-didática, ensaios sobre Literatura, Cultura Portuguesa e História local. Fundou e dirigiu o jornal regional da sua terra natal. Dirige, em regime de voluntariado, há mais de trinta anos, a Biblioteca Pública de S. Paio de Oleiros. É supervisor editorial e gráfico da revista Villa da Feira, da LAF - Liga dos Amigos da Feira, onde publica assiduamente poemas e ensaios de história local.
No âmbito da Poesia, viu inseridos poemas seus, desde os 13 anos de idade, em vários jornais, só tendo publicado, porém, o seu primeiro livro em 1997. É autor de sete livros de poesia, dois deles para um público infanto-juvenil.
Consta do Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Portuguesa — O Livro É Uma História com Boca —, organizado pelo Instituto Piaget.
Consta também da Antologia Poetrix n.º 1, publicada no Brasil pela Editora Scortecci, em 2002, e na Antologia Poetrix n.º 3, da Livro.com, também no Brasil. Na modalidade de poetrix, viu poemas seus ficarem em primeiro lugar nos concursos realizados a nível internacional nos anos de 2002 e 2003. Foi, aliás, o primeiro autor a lançar um livro de poetrix em Portugal e na Europa: Esta Outra Loucura, da Corpos Editora.
Faz parte ainda da antologia Histórias e Poemas para Pessoas Pequenas, da Porto Editora, coordenada por José António Gomes, com ilustrações de Maria Ferrand.
Consta também do Projecto Vercial, “a maior base de dados sobre a Literatura Portuguesa”e de muitos outros sítios internéticos.
É membro dirigente da Associação de Escritores de Gaia.
É responsável pela organização de várias tertúlias poéticas, nomeadamente: a Onda Poética, de Espinho; o Quarto Crescente, iniciativa da Biblioteca Pública de S. Paio de Oleiros; as Quartas Mal Ditas que se realizam, há vários anos, no Clube Literário do Porto. Participou regularmente noutras tertúlias e recitais de poesia, designadamente nas noites poéticas do Pinguim, no Restaurante Telégrafo do Palácio da Bolsa, no Museu Soares dos Reis, no Café Piolho, nos Sentidos Grátis, em várias Juntas de Freguesia, bibliotecas, bares e restaurantes. Abre geralmente as noites de poesia do Púcaro´s Bar, atualmente Bar Amigos SA, também no Porto, todas as noites de quarta-feira.
Escreveu vários prefácios ou notas introdutórias em livros de vários autores e fez a apresentação pública de vários livros de poesia, de ficção e de ensaio.
Participou em múltiplos colóquios, ações de formação e seminários pedagógico-didáticos, literários ou linguísticos, realizados em Portugal e em França. Integrou uma linha de investigação sobre Anticlericalismo na Universidade de Aveiro, tendo participado em seminários sobre o tema e publicado os respetivos textos em revista da mesma Universidade.
Tem integrado o júri de vários concursos literários realizados em Portugal e no Brasil.
Foi galardoado com o Prémio Manuel Laranjeira na sua edição de 2004.
 
1- Como tem sido o teu trajeto literário?
R- Está implícito na biografia aqui apresentada. Apesar de escrever poesia desde os treze anos, só muito tarde comecei a publicá-la em livros, o que me livrou dos habituais arrependimentos de outros escritores que se precipitam em editar e chegam depois a abjurar as próprias obras iniciáticas. Desde que o fiz, tenho, porém, publicado um livro quase todos os anos, de poesia ou não, ou pelo menos editado uma segunda edição. Creio que tem havido uma certa evolução no que toca ao alargamento do leque temático e à busca experimental de novos processos e conceções, incluindo uma inflexão de um pessimismo intenso para uma visão por vezes mais eivada de um certo humor.
 
2- Uma das tuas facetas mais conhecidas é a ligação à tertúlia literária. És um dos principais dinamizadores da declamação de Poesia e não só. Como tudo começou?
R- A leitura da poesia surgiu na minha vida como uma necessidade de dar voz ao que escrevo, com intuitos experimentais. Ou seja, só ouvindo-me a mim mesmo, sei avaliar se o que escrevi sabe bem, soa bem, tem ritmo adequado, não resvala demasiado para um certo prosaísmo, não tem repetições ou sonoridades desagradáveis. Dando a ouvir aos outros o que escrevo, espero deles também algum sinal de que aquilo lhes agradou ou não. Às vezes, há feedback de alguns ouvintes e, apesar de se fazerem sempre ouvir as palmas, é possível distinguir nelas alguma adesão, quando essa qualidade excede o habitual. O próprio silêncio com que me escutam é já um indício convincente da qualidade do poema. Mas eu não leio apenas o que é meu: acho que, por vocação e obrigação moral, devo divulgar a poesia de qualidade, venha ela de quem vier. Penso que devo isso aos bons poetas, mesmo que muitos deles não se dignem reparar no que escrevo. O facto de coordenar várias tertúlias deve-se certamente à circunstância de, em toda a minha vida, sempre que me incluo num determinado grupo, ou a isso sou chamado, me encontrar pouco depois naturalmente a liderar. Não faço qualquer esforço nesse sentido. Parece que é próprio do meu signo (Carneiro), para quem acredita nisso. Mas isto das leituras também é culpa da motivação dos meus professores: eles achavam sempre que eu era um ótimo leitor.
 
3- Estás sempre envolvido numa multidão de projetos. Quais os projetos que tens em mãos neste momento?
R- Nem sempre sou um homem de projetos: creio que sou antes uma espécie de socorrista, na vertente cultural e associativa. Aliás, foi nesse âmbito que me foi atribuído o Prémio Manuel Laranjeira. E como estou sempre muito ocupado nessas tarefas, ainda que tenha que planificá-las por vezes ao pormenor, nem sempre tenho tempo para os meus próprios projetos poéticos. Os meus livros têm decorrido daquilo que vou escrevendo de uma forma um tanto desgarrada, embora aquilo que envio para a editora seja fruto de uma prévia classificação e organização no intuito de emprestar a maior unidade ao todo.
 
4- És dos autores de Poesia que mais vendem em Portugal. És também dos autores mais acarinhados pelo público. O que significa para ti a Poesia?
R- A Poesia tem, para mim, muito pouco a ver com as vendas ou com os louvores quase sempre impressionistas e pouco fundamentados do público, como se pratica, por exemplo, no FacebooK: gosto / não gosto. É claro que o público é algo importante, até porque ninguém compra poesia sem gostar ou só porque o autor é simpático. Mas a Poesia é a minha maneira de integrar a beleza e a busca do Absoluto e é através dela que eu sou capaz de me expor sem medo, sentindo, não que tenho algo a dizer, mas que aquilo que digo digo-o de uma forma que suscita adesão.
 
5- Fala-nos dos teus projetos futuros...
R- Como disse há pouco, dedico-me demasiado à comunidade para ter muitos projetos pessoais. Mas não deixo de pensar nisso. Há muito tempo que persigo a ideia de escrever uma poesia mais narrativa, o que é, afinal, um retorno às origens presentes nos textos dos aedos gregos e da Odisseia e é algo retomado por muitos outros autores, como acontece com o americano Edgar Lee Masters, que, numa série de múltiplos epitáfios, acaba por contar a história de muitas pessoas que conheceu e de situações que vivenciou. O difícil é conseguir conciliar narratividade com poeticidade. É uma aposta interessante. Além disso, para me sentir vivo, terei certamente que continuar a escrever. Nem é preciso projetar seja o que for. Estar vivo é ser atuante e escrever é a minha forma mais credível de o ser.
 
         - Obras Marcantes: A poesia de Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Al Berto, O’Neill, Cesariny, Mourão-Ferreira, Rosa Alice Branco, Drummond, Quintana, Wislawa Szymborska, Lee Masters, Pavese, os nerorrealistas e tantos outros. No romance, Hemingway, García Márquez, Dostoievsky, Tolstoi, Saramago.
         - Fonte de Inspiração: Pessoalmente, acho que a inspiração está acima da transpiração e que o segredo é estar disponível para ver, ouvir, reparar nos pormenores, estabelecer relações e olhar de novo sob outras perspetivas. Tudo o que me rodeia pode ser fonte de inspiração.
         - Filme Preferido: Vários, sobretudo aqueles que me permitem o regresso à infância ou dela estão próximos: Chaplin, Spielberg e os filmes com a dupla D. Camilo e Peppone, que tiveram por base as personagens criadas pelo romancista Giovanni Guareschi.
         - Canção de Eleição: As criações de José Afonso, Sérgio Godinho, Chico Buarque.
         - A Imagem que Valeu Mil Palavras: Aquela foto das Torres Gémeas quase a desmoronar, com vários corpos a lançarem-se no abismo. A poeta polaca Wislawa Szymborska escreveu sobre essa foto e sobre esses corpos: “Só duas coisas posso por eles fazer: / descrever este voo / e não acrescentar a última palavra.”
         - Uma palavra que te descreva: “poeta”.
         - O jantar perfeito: a primeira coisa em que penso é numa tortilha à minha moda, ou seja, à espanhola, uma espécie de omelete redonda, do tamanho da sertã e à qual se dá na minha terra o nome de “pastelão”. Nada há mais divinal…
 
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