Entrevista do mês de Outubro de 2009: Ex-Ricardo dePinho Teixeira

Como tudo começou? Fala-nos um pouco do teu percurso...

Lancei o meu primeiro livro a 25 de Setembro de 1999. Na época brinquei com o conceito e chamei à minha obra de estreia "Best Of". Foi um enorme sucesso e esgotei a primeira edição em poucas semanas. Nunca mais fiz uma reedição: fiz isso por gratidão a quem apostou em mim.
Ficou-me o "bichinho "de fazer arte para milhares e lancei o movimento de fazer arte em locais públicos como por exemplo bares e discotecas. Fui criticado por muitos. Mas arrastei milhares de pessoas. Levei a arte de volta às ruas. Quase ninguém fala de mim sobre esse aspecto, mas hoje em dia tornou-se banal. Por isso passei a mensagem que queria.
Em 2000 fiz a minha primeira peça de teatro chamada "Depois da Carne".
Nesse mesmo ano fundei a Corposeditora e lancei os meus "Maços de Poemas" que se tornaram em poucos meses um dos livros de Poesia mais vendidos em Portugal de todos os tempos.
Nesse ano fiquei quase celebridade, mas depois lembraram-se que Poeta é coisa morta e desde ai sou apenas aquele que é quase famoso.
Desde o inicio editei pela corpos mais de 500 obras. E como escritor escrevi e editei 10 livros.
Em 2004 iniciei a minha carreira musical e editei desde então 2 cd´s.
Em 2008 fundei o worldartfriends e meses depois a sua própria editora.
Pelo meio fiz teatro e outras performances.

Porquê Ex-Ricardo?

Heidegger disse que o Homem é uma ponte entre o que já não é e que ainda não é.
Assim me sinto. Já não sou eu e ainda não sou eu.
Sou uma véspera de mim mesmo.
Sou o meu próprio dia que não chega.

O que te levou a criar este site?

A necessidade de colocar outros artistas a serem vistos e lidos. Eu próprio incluído.
Vejamos: para dar apenas um exemplo. Eugénio de Andrade, um das mais famosos poetas portugueses da última geração vendia apenas algumas centenas de exemplares. A poesia não é fenómenos de massas. Cedo me apercebi da poderosa ferramenta que é a Internet. Qualquer Poeta no WAF é lido, em apenas um ano, mais vezes do que os maiores Poetas venderam em toda um vida. Isso para mim é muito importante. A arte sem interlocutor não é arte. Se não tivermos ninguém a ouvir-nos não estamos a conversar. A arte é conversar. A arte é impossível sem o outro.
Em segundo lugar: compreendi que só assim poderia ver o mundo todos. Temos muitos projectos para o WAF. Um deles é em breve arrebatar outra línguas e países que não apenas os de expressão portuguesa.

Sentes-te um homem de missões?

Parte de mim diz-me que basta apenas não me deixar envelhecer e estarei já a ter a minha missão cumprida.
Parte de mim é arrebatadora e constantemente me arrebato a mim mesmo.

Mas por enquanto sou desmistificador: Tento passar algumas mensagens:

- A arte pode e deve chegar ao Povo! (acredito num mundo melhor, na purificação do mundo pela arte. Não acredito que o mundo esteja pior, até está melhor do que o que já foi, mas quantos mais tiverem acesso ao sonho, melhor o mundo será).

- Um livro não tem de ser intelectual. Pode ser apenas um objecto de entretenimento(porque raio a literatura é a única área artistica povoada por pseudo-intelectuais? e todos eles, sem excepção, pensam que acrescentam algo ao mundo)!

-Não, não se edita literatura em demasia. Num pais onde existem 3 jornais desportivos diários a vender no seu conjunto mais de 500000 exemplares, idem para as revistas cor de rosa e jornais sensacionalistas como alguém pode pensar que se edita literatura a mais em Portugal? Pasme-se: estas afirmações vêm dos pseudo-intelectuais. E se for apenas mais um poema de amor? Não será melhor do que ler 3 páginas sobre a última lesão do jogador da bola?

Com que sonhas?

Tenho muitos sonhos.
Alguns não posso falar porque aqueles que me consideram seu concorrente estão sempre atentos ao que digo. E como grande parte não tem cabeça própria tem 2 opções: roubar ou difamar. Bom sinal. Sinal que amado ou odiado sou já alvo de muitas atenções.
Engraçado ser visto como "concorrente": primeiro fui sempre à frente. Depois o meu mundo foi sempre outro, mas eles não entendem.
Para o WAF sonho muita coisa: sonho com uma internacionalização do site. Com fazer cinema semanal a ser exibido nesta comunidade. Em breve teremos um "boom" de bandas e música no WAF. Estejam atentos.

A tua maior tristeza?

Os muitos com visão pequena. Que me vêm como passaporte para algo. E não entendem que o caminho não está feito, vai-se fazendo. Não entendem que na força de todos podemos ir juntos, longe e ser grandes. De contrário estariamos condenados ao fracasso. Ou ao reconhecimento post-mortem.

Para terminar: agradeço a todos os que me têm ajudado a construir esta comunidade.

Amo-vos!