Lágrimas

Ontem meus olhos choraram
Ao ver que os anos passaram
Lágrimas de dias distantes
Afloram no rosto em instantes

Travesseiro molhado na cama
Águas que soltam quem ama
Gemidos sentidos no escuro
Alguém com um medo futuro

A luz totalmente apagada
Na memória uma voz afastada
Coração na penumbra só chora
Querendo fazer do ontem agora

Lembranças que voltam e ferem
Dor que o corpo e o homem não querem
Os olhos já turvos da água escorrida
Vincos profundos de lágrimas caídas

O rosto se esconde na palma da mão
O choro sentido umedece o chão
O vento que passa lá fora desperta
Ainda bem mais a emoção que aperta

Cabelo desfeito por dedos
A perca futura na mente traz medo
Ainda lhe resta esperança contida
Dentro da vida em amar outra vida

O tempo parece feroz e cruel
Um segundo se passa do abismo ao chão
Num instante se passa do céu para o chão
Quando a saudade aparece então

O lençol é que cobre o rosto vincado
O presente é quem traz o amor do passado
No quarto escuro um homem soluça
Quando na cama de mãos se debruça

O dia amanhece depressa
Saudade passada de novo começa
O dia começa igual todo dia
A saudade é a mesma que ontem havia

Ontem meus olhos choraram
As lágrimas choradas ainda nem se secaram
Não dá tempo do rosto do amor se secar
Porque sabe que vai toda hora chorar