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Não se pode descansar

Não se pode descansar.

Tenho os braços cruzados,

E o alambique apagado,

Oiço Sabina e correm-me,

Sons pelas veias.

Palavras pelos sentidos,

Duras como as armas,

Que nos apontam

À triste forma de vida.

Soam tiros directos à revolta,

Que braços são estes

Que cruzados nada fazem?

Que bruma é esta

Que não nos permite

Enxergar como a vida...

É um alvo?

Por vezes, triste

Por vezes, alegre.

Por vezes coisa nenhuma.

"Magdalena" encostada

A um candeeiro de cigarro nos lábios.

Insegura de um encontro pago.

Os milagres, mesmo os de amor

Dão lucro ou prejuízo?

Não se pode descansar,

Tenho os olhos abertos,

E o alambique apagado.

Oiço Martírio e contínuo

A injectar som nas veias.

Palavras que ferem,

Duras como as armas,

Que aterrorizam

Até as alegres comadres,

Juntas numa esquina do presente,

Recebem notas que não pagam nada.

Que olhos são estes

Que abertos nada vêm?

Que bruma é esta

Que não nos permite

Enxergar que a sorte

Não bateu à porta?

Por vezes triste,

Por vezes, alegre,

Por vezes coisa nenhuma.

“La bien pagá” encostada

A um muro de murros.

Segura de que as pernas

Não serão o escudo da (má) vida.

Nem os milagres,

Mesmo os de amor,

Darão lucro!

Quando, finalmente,

Tentamos descansar,

Alguém dispara coisa nenhuma.

JFV

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quarta-feira, março 3, 2010 - 21:37

Ministério da Poesia :

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JOSEFVICENTE

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