NEM MESMO TIVEMOS CHANCE DE TENTAR

NEM MESMO TIVEMOS CHANCE DE TENTAR
Carmen Cristal

Quanto se pode ter de prazer e alegria,
Ter completa e intensamente a emoção,
Ao confiar o coração em extasia
À espera de que seja plena a realização...

Para nós, estranhos, seria o partilhar
A magia do novo, em experimentando
Sobreviver ao olhar, por querer confiar
Naquela fantasia em estar amando...

Foi o sonho que em ti me fez acreditar,
Que mesmo estando longe do ver e olhar,
O amor poderia em verdade existir
E mesmo à distância iria resistir...

Não sabia quanto era forte e desprovido
O não ter, o não tocar!... O ser desconhecido
Ao que a distância daria fim às emoções
Do que não vingou!... Das desilusões...

No espaço, sem momento, ele feneceu!...
Para nós, nunca mais!... Só ficou um adeus,
Marcado no que seria e não aconteceu...
Terminava ali o que eram sonhos meus...

Chegou, sem que eu percebesse, a morte
Do mundo, que para nós, eu edificara!...
O que não teve história, confiado à sorte,
Por um ater que não mostrou sua cara...

Ficam as marcas indeléveis n’alma,
No coração que o argüir não acalma!...
O que parecia ser em tudo a perfeição
Não passou de uma sofrida ilusão...

Estranhos e solitários continuaremos!...
E se um dia o destino, por querer brincar,
Deixar-nos, frente à frente, não saberemos
Que ali está quem mais se acreditou amar...

Nem mesmo tivemos a chance de tentar!...
Vivemos o sonho que nos foi permitido,
Só a desilusão ficará para marcar
O que não existiu, mas que foi sentido...

12/10/2009