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Eu sei que foi você - capítulo 2
Cassandra não era dada a conversar com os colegas e os que haviam zombado dela no primeiro dia de aula perceberam que ela os olhava com frieza, como se soubesse que não haviam simpatizado com ela.
Marcelo reparou que ela preferia ficar sozinha e evitava lugares com muitas pessoas, passando os intervalos na biblioteca da escola. Michele sempre dava um jeitinho de trombar com ela e pedia desculpas por ter pisado no seu pé ou batido no braço dela até que, um dia, Cassandra retrucou:
-Por que pede desculpas pelo que faz de propósito?
-Não é de propósito, querida. Juro que não é.
-Não precisa fingir que gosta de mim.
-Quem não gostaria de você, Cassandra. Você é tão bonita e simpática.
Cassandra sacudiu a cabeça, falando com neutralidade:
-Eu sou tão bonita e simpática quanto você é boa mentirosa, Michele. Você e os outros me acham sem graça.
Michele se afastou, assustada. Era verdade que todos achavam Cassandra sem graça, mas ninguém havia falado. Os colegas ficaram calados, estranhando por ver que ela falara aquilo sem nenhuma surpresa, como se soubesse desde o início o que pensavam dela.
Marcelo foi o único a não dizer nada, mas Narciso disse:
-Que mina atrevida, hein. Fica olhando para nós como se soubesse o que passa em nossas cabeças.
-Ora, Narciso, não é verdade que todos dizem que ela é estranha e sem graça?
-Menos você, não é, Marcelo?foi a resposta de Narciso.
-Para mim, ela não fede nem cheira. Por que vou me...
-Sei não, Marcelo. Você não tira o olho dela.
-Ela é diferente, apenas isso.
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