CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

o corvo (adaptado)

O corvo

Numa noite de lendas bravias,
Estudava eu devoções velhas,
Batem leve, leve nos vidrais.
Quem será? Pensei, me visitará?
E que toques tais, tão gentis,
Só isso; e nada mais?

Era Dezembro,Se bem m'lembro
Jazia morno,o frio negro,
Pela lareira apagada,
Escrevia com morrão ,Leonor,
Para não te esquecer,na dor,
Mas sem nome,aqui jamais.

A mim mesmo acudi, no medo,
Abri de breve o cortinado,
Repetia em desassossego,
Mais isso que de meu medo
-É um visitante atrasado,
É só isto, sim e nada mais.

Já sem tardo e não hesito,
Abro, par em par meus vitrais
Se, Senhor; senhora, mal me sinto,
Eu, dormindo e vós, batendo,
Mal ouvi; abri largos portais,
Noite, noite e nada mais.

Fitei perplexo, receado,
Noite d’amplexo, silêncio,
E ais,no eco repetido.
O nome dela, vi, no vazio
Desta paz profana. E maldigo,
Isso , só , e nada mais.

Não tarda e ouço,novo som,
Em minh’alma ardendo mais
E vou ver o que está nela,
Por que me distrem com sinais,
Soltos e sempre neste triste tom,
“É o vento, e nada mais.”

Entrou grave e nobre corvo,
Digno dos contos medievais,
Pousou lento no busto, alvo,
D’atena,nestes meus umbrais,
Não me fez qualquer cumprimento,
Foi, pousou, e nada mais.

“Tens todo aspecto tosquiado”
Ò ave, migrada dos infernos,
Diz-me o teu nome,danado,
D’alto desses teus rituais,
com mais de mil e um séculos,
Disse o corvo, “Nunca mais”.

Fiquei pasmado d’ouvir falar,
Inda que pouco clara ,esta’ ve
Rara pousada no busto,grave
E preto ,no alvo alabastro,
Ave e bicho, d’alarve olhar
Com o nome “Nunca mais”.

Mas o corvo ficou calado
Augusto e empoleirado.
Perdido,eu murumrei lento,
“Amigos, sonhos – mortais Todos–
Todos foram. Amanhã te’vais”
Disse o corvo, “Nunca mais”.

Que frase tão sabida esta,
Por ser voz usual , aprendida,
Ou d’ algum don,desgraçada vida
Em tom se quebrou nesta porta
De seu canto cheio d’ais
Era este “Nunca mais”.

Mas troçando da vil amargura
Sentei pois defronte dela
E Enterrado na cadeira
Pensei nos agoiros dela
Em gritos de tempos ancestrais
Como aquele “Nunca mais”.

Pensava nisto,olhando frente
A frente a ave ,olhos cravados
Na minh’alma,manta de retalhos
De luzes vestutas, em veludos,
Neles Punha sombras in’ iguais
E Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se o ar denso,como incenso

Submited by

domingo, dezembro 20, 2009 - 21:39

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 9 semanas 3 horas
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42284

Comentários

imagem de Joel

Fez-se o ar denso,como incenso

Fez-se o ar denso,como incenso

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Geral Feitiço da Terra 0 4.748 01/07/2011 - 17:55 Português
Poesia/Geral Nem Que 0 3.573 01/07/2011 - 17:53 Português
Poesia/Geral Flor Bela 0 2.823 01/07/2011 - 17:52 Português
Poesia/Geral Manhã Manhosa 0 3.502 01/07/2011 - 17:51 Português
Poesia/Geral Panfleto 0 2.629 01/07/2011 - 17:49 Português
Poesia/Geral Pátria minha 0 5.616 01/07/2011 - 17:48 Português
Poesia/Geral Quero fazer contigo ainda muitas primaveras... 0 5.758 01/07/2011 - 17:47 Português
Poesia/Geral O templo 0 3.383 01/07/2011 - 17:46 Português
Poesia/Geral cacos de sonhos 0 3.818 01/07/2011 - 17:44 Português
Poesia/Geral O Triunfo do Tempo 0 3.254 01/07/2011 - 17:36 Português
Poesia/Geral Nau d'fogo 4 5.818 01/07/2011 - 10:06 Português
Poesia/Geral Carta a uma poeta 4 2.462 01/06/2011 - 15:00 Português
Poesia/Gótico Dò,Ré,Mi... 1 3.470 12/30/2010 - 14:16 Português
Poesia/Geral Príncipe Plebeu 1 3.405 12/29/2010 - 22:29 Português
Poesia/Geral Tenho saudades de quando ignorava que havia mundo… 1 4.221 12/29/2010 - 22:26 Português
Poesia/Geral buracos de alfinetes 2 5.491 12/22/2010 - 22:53 Português
Prosas/Outros o transhumante 0 3.612 12/21/2010 - 23:11 Português
Prosas/Outros N2 0 6.947 12/21/2010 - 23:08 Português
Prosas/Contos Batel 0 5.585 12/21/2010 - 22:53 Português
Prosas/Contos Horus 0 4.791 12/21/2010 - 22:52 Português
Prosas/Fábula Núria's Ring 0 6.032 12/21/2010 - 22:50 Português
Poesia/Geral Há-de vento 0 4.225 12/21/2010 - 11:21 Português
Poesia/Geral Altos 0 7.235 12/21/2010 - 11:12 Português
Poesia/Geral Flores Indizíveis 1 3.019 12/18/2010 - 22:47 Português
Poesia/Geral Samarkand 1 5.115 12/17/2010 - 19:32 Português