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Porque chove quando procuro o Sol?
Como sou eu a vida
que se desmoronou dentro de mim?
Não vejo senão janelas e paisagens longínquas
que embarcaram numa viagem
pelos meus maiores receios,
Uma viagem rendida aos meus meios
de uma vastidão imaculada
de asas partidas e ensinadas.
Como sou eu o calo de uma árvore
que tombou sob o sopro de Deus?
Ou serei eu o próprio sopro que tombou a árvore?
Sem raízes, cresceram e desapareceram
com as nuvens que entristeceram...
Pintadas de branco numa tela branca,
Tropeço nas minhas raízes
e lembro-me de como ainda existo
como uma sombra sem presença,
Infrutífera, desdenhosa e sem crença.
São nestes pedaços de papel onde escrevo,
onde gastei a tinta da caneta
que sempre me foi companheira,
Onde me viro para a chuva
que sempre veio quando procurei o Sol...
São nestes pedaços de papel onde me banho
nas águas divinas de mundo superior,
Gota a gota, a beber do sofrimento do céu,
O horizonte que chora a alma que se perdeu...
Peguei nas minhas asas ensinadas
e tentei voar sobre o mar,
Mas caí e afoguei-me no sonho de separar
a terra do ar,
E acabei por me enterrar
Na tristeza ainda por acabar,
Perdi-me no horizonte ainda a chorar...
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