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R E E N C O N T R O
do estupor
a um susto
despertou
abespinhado
para a vida
sonolento,
vago,
descortinou
o que via
em suas parcas
palavras ocas
tentou expressar
o que sentia
e nos sussurros
de suas dores
íntimas
brotaram lágrimas
filetes d´àgua
não comoviam
os que passavam
dele riam
e a necessidade,
real, dolorida,
presente, intensa,
cobrava atitudes
e numa folha
rascunhou anseios
desejos e medos
brotou sentimentos
emoções não vendem
apascentam
a escassez da alma,
não trazem alimentos
o corpo reclama
mais que lamentos
tem sede, tem fome,
delírios em tormentos
ineficaz temática
lavras soltas
versos rotos
não bastavam
pôs a indumentária
socialmente aceita
fêz-se compenetrado
seguindo a multidão
conseguiu uma vaga
um título, profissão
da janela do edifício
vê as coisas, em asas
e na imaginação
recupera a sua lira
há tempos desprezada
pelo terno e a gravata
em sonhos,
devaneios,
reencontra
sua jornada...
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