Saudade

Vagueio pela estrada, sem destino e sem hora, procurando um vestígio teu...
Invejo a lua, que percorre o teu caminho, te ilumina e te encontra,
que conhece e se deleita nesse teu mundo, tão distante do meu...
Há um silencio de ti, em mim, que me enlouquece e desespera.

E... recordo-me de ti... em noites de deleite... noites quentes...
contornos, em movimentos de escuridão e luz... desejos ardentes...
numa inquietação retalhada, de pudor e medo, de desejo exposto,
que me faz saber de cor, as linhas do teu corpo e do teu rosto...

Uma voz solitária, neste silencio estridente, que te chama... Mas tu.. Não vens...
e as estrelas continuam a brilhar intensamente e distantes,
indiferentes ao desequilíbrio das constelações do meu universo interior...
Os meus lábios, esses... movimentam-se em murmúrios sinuosos e errantes,
querendo desvendar o teu nome, o mais imperceptível segredo deste Amor...

Cerro os olhos e... encontro-te, na recordação do teu olhar, penetrante e negro...
Inebriante, eloquente, onde me perdi desde o nosso primeiro encontro...
O momento em que destrui muralhas e retirei a mascara do inatingível monstro,
deixando-me assim: indefesa, triste e só... inerte e perdida...
Vulnerável a ti, a saudade e a falta que hoje fazes na minha vida...

Quero rever-te... mais uma vez... só mais uma vez...