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Tudo começou por aquele cigarro

TUDO COMEÇOU POR AQUELE CIGARRO
Esta narrativa eu escrevi de raiz
Amarga história sem final feliz
Aconteceu neste nosso país
Por isso eu próprio aqui quis
Contar-vos o sucedido

Assim escrevendo algo me faz
Retornar á alguns anos atrás
A esta triste história que aliás
Acreditem que poderia ser capaz
De a qualquer de nós ter acontecido

Tudo começou de forma natural
Num dia de aniversário tão especial
Terminando meses depois de forma fatal
Numa cadeia em Portugal
Num final de tarde ao anoitecer

Finais dos anos oitenta decorridos
Sonhos de juventude neles contidos
Uma rapariga de cabelos compridos
Lindíssima em todos os sentidos
A qual eu passo a descrever:

Era uma moça educada
Terna e muito sossegada
Tinha olhos verde-esmeralda
Maçãs do rosto avermelhadas
Cabelo loiro, belo e angélico semblante

Por toda a gente era adorada
Filha de boas famílias e ajuizada
Uma moça muito prendada
Estudava direito e sonhava ser advogada
Era uma aluna brilhante

Com seus pais ela vivia
Chamava-se Sofia
Dezoito anos então ela fazia
Nesse fatídico dia
Em que começou esse declínio seu

Para uma discoteca de carro ela saia
Com uma amiga sua se divertia
Era o seu aniversário, e feliz se sentia
Patrícia a sua amiga que conduzia
Tirou da mala um cigarro que acendeu

Então a Patrícia parou o carro
Levou aos lábios o cigarro
Até aqui nada de anormal ou raro
Sofia fingiu não fazer reparo
E a Patrícia deu o cigarro á Sofia

Perante essa situação
Como não fumara até então
Ao ver o cigarro fumegar na sua mão
Sofia sentiu que o seu coração
No peito acelerado batia

Mostrou-se indiferente
De seguida curiosa e reticente
E a Patrícia infelizmente
Convenceu Sofia facilmente
A experimentar

Sofia quis mostrar ser amiga leal
Levou o cigarro aos lábios afinal
Pensando ser um cigarro normal
Só se apercebeu que algo estava mal
Vários minutos após fumar

Mas já as duas raparigas nessa altura
Se riam e diziam loucuras
Sofia estava em euforia pura
A adrenalina convidava á aventura
Sofia repentinamente sentiu –se como quem se afoga

Tudo estava enfim explicado
O cigarro que Patrícia lhe tinha dado
E ela tinha aceitado
E inconscientemente fumado
Era um cigarro com droga

Todavia …
Nessa noite a jovem Sofia
Chegou a casa já era de dia
Diferente e feliz então se sentia
E quis experimentar novamente

E agindo sem maldade
A mais pura verdade
É que á saída da Universidade
Ao final de cada tarde
Ela e a Patrícia fumavam charros diariamente

Um dia Sofia descobriu
Outra droga que a atraiu
Mas patrícia desistiu
Porém Sofia decidiu
Ela própria experimentar haxixe

E Sofia nenhum mal nisso via
Tais consequências ela não media
E á Patrícia até dizia
Que melhor pedra não havia
Que era brutal baril e bué fixe

E sem a Patrícia a acompanhar
Sofia continuou haxixe a fumar
Sem se aperceber do vicio dela se apoderar
Pouco a pouco a arrastar
Sofia ainda não caíra em si !

Novas amizades cultivou doravante
E de aluna aplicada e brilhante
Baixou as notas de forma preocupante
Pois algo dominante a levou tomar calmantes
Ingerir álcool e tomar pastilhas de extasy

Essas drogas ela tinha de pagar
E para as poder tomar
Dinheiro tinha de arranjar
A mesada Sofia começou a gastar
E um dia experimentou snifar cocaína

Transportada a um destino sem traço
Esse mundo sombrio e baço
Levou-a ás drogas duras passo a passo
E nas veias do seu próprio braço
Com uma seringa começou a injectar heroína

Desde ai tudo se complicou
A descida ao inferno começou
O vício dia a dia aumentou
Sofia queria parar e bem o tentou
Mas algo era superior a essa vontade sua

Seus brincos de ouro pôs numa loja de penhores
Noutro dia vendeu os seus CDs e o leitor
Noutra tarde vendeu o computador
E numa noite a chora com pudor
Vendeu o seu próprio corpo numa rua

Começou uma vida errante
Foi emagrecendo bastante
E perdendo sua beleza fascinante
E doravante….
Não passava sem diariamente se drogar

Sofia tinha de se prostituir
Para poder subsistir
Para assim conseguir
Sua dose diária consumir
E um dia começou a roubar

E nesse periclitante sendeiro
Para poder ter dinheiro
Mal comia dias inteiros
E com outros companheiros
Partilhar seringas era habitual

Então infelizmente
Vários meses depois sentiu-se doente
Vomitando frequentemente
E tossindo constantemente
Um dia desmaiou e foi levada para o hospital

No hospital uma jovem doutora
Deu-lhe a fatal notícia na hora
Sofia chorou a sua vida de outrora
A rapariga que fora nada era agora
Sofia tinha SIDA por infelicidade

Mas não contou a verdade aos pais a Sofia
Noites fora? Na casa da Patrícia dizia que dormia
Coisas em falta no Quarto? Emprestara ela dizia
A verdade assim ela escondia
Os pais acreditavam ser tudo verdade

Mas perante o padecimento periclitante
Perdeu a alegria que tinha antes
Andava desgostosa e distante
Apesar de tudo os pais estavam confiantes
Ser uma fase transitória da adolescência

E Sofia viu sua vida andar para trás
E de forma cáustica e mordaz
Ela viu finalmente quão era aliás
Efémera genuína e fugaz
A escalada pra toxicodependência

Mas da pior forma os pais viriam a saber
O inesperado estava para acontecer
Á porta da Sofia alguém foi bater
E quando sua mãe foi atender
Viu a Polícia Judiciária com um mandato

Uma busca domiciliária foi efectuada
A casa de alto a baixo revistada
Sofia em frente aos pais foi algemada
E pela polícia foi levada
Havia provas de estar envolvida num assalto

Os pobres pais da Sofia então entenderam
Só ai eles a verdade souberam
Incrédulos se aperceberam
Já tarde também compreenderam
Que a sua filha roubava e se drogava

Assim após ser detida
Sofia por um juiz foi ouvida
O seu advogado viu a causa perdida
A decisão do juiz foi proferida
Em prisão preventiva ela ficava

Novamente foi algemada
Por uma carcereira escoltada
E ao final da tarde para a cadeia levada
Porém ao ver-se encarcerada
Juventude, e liberdade perdida

Perto das dezanove horas e meia
Sofia teve uma mórbida ideia
Atou ao pescoço uma meia
E nas grades da cadeia
Pôs fim á sua curta vida

E no velório em ambiente de emoção
Entre lamentos choro e consternação
Junto á urna de Sofia seus pais juraram então
Criar e dar o nome de Sofia a uma fundação
Para ajudar toxicodependentes a vencer

Perante tal amargura e desventura
Há hora do funeral e na altura
Que o corpo de Sofia já descia á terra escura
Junto á sua futura sepultura

Entre lágrimas alguém disse o que passo a descrever:
Um anjo subiu aos céus neste triste dia
E lá se quedará para a eternidade
O seu nome era Sofia
E partiu para a pátria da verdade
Amiga Sofia aos dezoito anos foste-te embora
E deixaste este mundo bizarro
E eu a Patrícia choro arrependida agora
Tudo começou naquela hora
Tudo começou por aquele cigarro.
(Até sempre Sofia)

Alex sullivan

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sábado, abril 10, 2010 - 16:13

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