Eu odeio (não) sentir
À Aprendiz de Poeta, Adreza Arruda Leite
De nada lembro: bebi até o último estado de torpor
E agora sem saber direito para onde eu vou
Eu cato e descarto o que antes era doce, o que é amargo,
O que nesta boca ressequida já não tem sabor...
E eu odeio cada uma destas palavras nas quais amargo,
Odeio quem a direção insiste em apontar com o dedo
Quando se quer não me toquei de que estou bêbado...
Será que ninguém por aqui realmente ainda não notou?
Neste estado de copo vazio alguém me abandonou
Doutor; me faça um milagre, me arranja um santo remédio
Que mate escondido sob o meu travesseiro o tédio.
Nada forte o bastante a ponto de me fazer dormir...
Eu preciso de algo mais forte, nada de anfetaminas
Mas algo que posso me deixar mais forte; vitaminas
Talvez doutor, para que eu possa odiar o meu não sentir...
Alguém me abandonou neste estado de corpo vazio;
Sem amar, sem odiar, sem sentir calor ou frio
E ainda assim a sempre sentir que eu não estou por mais de um fio:
(Terapia deu certo?) quero ver o copo transbordar
Mas não sem antes aquela lapada de Diazepam,
Se ainda me causar algum (d)efeito... Se não, Roupinol
Ainda não perdeu lá o seu jeito em me fazer relachar
De olhos sempre abertos: Não sei o que pensar sobre surpresas
Se bem que irrita os anjos fantasiados de rouxinols
Quando sabemos que não existe tal ave na natureza,
Que eu prefiro esconder-me atrás das lentes de meu Ray Ban
A me ver num espelho d´água enquanto vertem as mágoas;
Fúteis, antes de a fria porcelana tocar logo secam...
Creio apenas nas estrelas do mar que cedo ao céu ascendem,
As ressequidas estrelas cadentes que se espedaçam
Contra as bravas ondas do mar a vir sempre em torrentes...
Tempestade em copo d'águ'ardente.
Em solidão eu vivo a me afogar.
27 de julho de 2011 - 11h 15min
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1756 reads
Add comment
other contents of Adolfo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Soneto | Da usurpação | 1 | 1.912 | 11/13/2021 - 11:37 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | "Deus está morto!" | 5 | 5.386 | 11/13/2021 - 11:35 | Portuguese | |
Poesia/Cumpleaños | XXVIII | 1 | 1.966 | 11/13/2021 - 11:32 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Quatro de Copas | 0 | 2.456 | 03/06/2020 - 21:33 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Cântico do cântaro | 0 | 3.690 | 03/04/2020 - 06:18 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Autumnus | 0 | 2.155 | 01/17/2020 - 00:59 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Stigma | 0 | 2.333 | 01/15/2020 - 07:15 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Versos natimortos | 2 | 4.492 | 01/15/2020 - 07:05 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Cicatriz | 3 | 3.421 | 03/21/2018 - 22:49 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Meu pequeno mito da criação | 5 | 3.694 | 03/18/2018 - 19:29 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | 18 - Uísque | 2 | 4.327 | 03/18/2018 - 19:28 | Portuguese | |
Poesia/Desilusión | Uma nau sem rumo | 2 | 4.197 | 03/18/2018 - 19:25 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Ocaso | 2 | 3.624 | 03/18/2018 - 19:24 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Pontius Pilatus | 1 | 5.039 | 02/28/2018 - 16:24 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Boemia | 1 | 3.562 | 02/27/2018 - 18:05 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | Konijntje | 2 | 4.161 | 04/20/2017 - 16:11 | Portuguese | |
Poesia/Erótico | Austeridade | 2 | 4.771 | 04/14/2017 - 14:48 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Última lua juntos | 1 | 4.827 | 01/20/2017 - 09:50 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Leviatã | 0 | 2.730 | 02/22/2016 - 23:36 | Portuguese | |
Poesia/Pasión | A sós em Cabo Branco | 2 | 3.437 | 08/27/2014 - 21:21 | Portuguese | |
Poesia/Haiku | Hai-kai da lua | 1 | 6.325 | 06/13/2014 - 23:07 | Portuguese | |
Poesia/Poetrix | Do quarto-minguante | 2 | 4.624 | 06/13/2014 - 22:35 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Choque! | 0 | 3.518 | 06/21/2013 - 19:30 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Eu quero ver a grande confusão! | 0 | 3.781 | 06/19/2013 - 21:31 | Portuguese | |
Poesia/Soneto | Revisão De Princípios - Fim Dos Princípios | 0 | 4.382 | 04/12/2013 - 00:31 | Portuguese |
Comentarios
Para A Aprendiz
Em pensar que ela só veio me mostrar o seu poema [ http://worldartfriends.com/pt/club/poesia/drogas-do-cora%C3%A7%C3%A3o ]... Não diria nem que escrevi sem querer este aqui: eu apenas escrevi (À Andreza).
Gosto de ler o que você
Gosto de ler o que você escreve. Principalmente algo que é pra mim, algo que parece comigo. Você escreve divinamente.
Divinamente que nada =D. A
Divinamente que nada =D. A você que tanto engrandece meus versos torno a dizer: "teus versos são de uma simplicidade que penso eu nunca serei capaz de imitar". E acrescento: "a perfeição há em cada coisa simples que Deus pôs no mundo e que o homem jamais será capaz de criar igual". Pois teus versos imitam a simplicidade que há "Desde as pequenas pétalas a beijar o precipício de um morro ao azul do céu cheio de nuvens brancas".