SOMBRAS QUE RALHAM

Vermelho baton que é sangue
maquilha-te o rosto sofrido
e o silêncio te guarda
em grito engolido.

Num sonho idealizado
em campos de flores pintado
e se torna pesadelo
em mundo do avesso virado.

Vives numa prisão improvisada
pelo amor jurado e esquecido
agredida pelo inimigo
que se veste de amor arrependido.

Multiplicas-te em mãos para unir e rezar
implorando o milagre que a fé não concede
apenas a morte anda por perto
num ar carregado que so a ela fede.

E agridem-te as sombras
que vagueiam pela cabeça quebrada
e de cara marcada pelas quedas inventadas
o silêncio é a arma que te guarda.

cresce a vontade de revolta
que extravaza numa lágrima sentida
mas logo o pensamento mergulha
na morte como única saida.

E o paraiso em forma de praia
é hoje um deserto sem vida
onde as cordas que te amarram
rasgam a carne da noite para o dia.

troca-se o amo-te
por insultos que esmurram a alma
e as marcas exteriores são fotos
onde a pose mantém a calma.

Sentes o abandono em sala gelada
nas lágrimas que te abandonam á sorte
e o relógio inimigo não volta para tras
mas galga em direcção a morte.

pintas de novo a cara
de baton que te corre nas veias
maquilhada a força para a festa indesejada
numa dança para a qual nao foste convidada
sob ameaça de arma a cabeça apontada.

Solidão em jardim abandonado
onde as folhas caídas te servem de manto
e as algemas invisiveis em pulsos de mulher
são a dor de que ninguém quer saber.

Ponteias a boca com fio de algodão
para que a palavra não saia em vão
e de corpo amarrado
perpétuas o sofrimento ao seu lado.

Palavras em riste
que ferem com navalhas
onde putas e outras palavras
são lançadas ao calhas.
Fechas-te em casulo fragil
em corpo que se enrola de forma habil
e proteges a face da mão que ataca
num acto imbecil de primata.

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Sábado, Septiembre 3, 2011 - 14:31

Poesia :

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Rui Afonso dos Santos

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