TANTA MERDA E NADA...

Escrever não é mais
do que pintar um retrato abstracto.
Uma caricatura do que de facto se sente
em cor encadernada aos enigmas do e se.

É a ponta espigada de uma corda que ostenta
no oposto uma âncora fundeada em nenhures.

As palavras são dedos que apontam.
As vírgulas pensam… O ponto final não tem final.
As entrelinhas são tsunamis a engolir as ondas do contexto.

Metáforas são bandas desenhadas
cuja trama inanimada se anima
quadrado após quadrado.

Escrever é levantar o véu de nós até ao fundo da alma.

Sem espinhas, sem nós sozinhos.
Como que pauzinhos de pó mágico
fizessem espirrar as partículas do tempo.

Difícil fácil. Impossível possível.
Conhecido estranho. Tanta merda e nada!

Estupidez que não é estúpida.
Desabafo como chuva daquela chuva que molha.

Moradas móveis… Faces tantas.
Escrever é isso, escrever o pensar.

Dizer os outros, falar o eu.
Artes clássicas contemporâneas.
Teia de têmporas extemporâneas.
Catapulta profética a armadilhar o ar.

Os comboios das palavras são pontes entre pontes.
Sentidos entre sentidos.

 

 

Submited by

Lunes, Febrero 6, 2012 - 23:11

Poesia :

Su voto: Nada (4 votos)

Henrique

Imagen de Henrique
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 9 años 29 semanas
Integró: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Comentarios

Imagen de Odete Ferreira

Um estilo

Um estilo próprio, umua (quase) ironia este teu poema...smiley

Mas se não escrevessemos e não (nos) lessemos, se não recriassemos sentidos, se... (etc),

como faríamos para estar numa partilha tão encantadora, como é esta de nos darmos a conhecer sem estar num tête-à-tête??? Me explica, amigo Henrique!

Muito bom, pronto!

Bjolaugh

Imagen de Henrique

Obrigado

De facto, sem comunicar não havia cominicação!!!

 

O tête-à-tête já é a vida e o tempo em que somos vizinhos!!!

 

Bj :-)

Imagen de Rui Lima

puxxxxxxxxxxxaaaaaaaaaaaa

puxxxxxxxxxxxaaaaaaaaaaaa «merda» boa esta aqui

 

rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

 

Gostei muito do poema.

 

Profundo, apesar que directo.

 

Sincero e acima de tudo honesto.

 

Um Abraço,

Rui Lima

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Henrique

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Prosas/Pensamientos NÃO BASTA FECHAR A BOCA 2 785 12/04/2009 - 21:51 Portuguese
Poesia/Tristeza VOCIFERAM VOZES LÚCIFERES 4 444 12/03/2009 - 04:13 Portuguese
Prosas/Pensamientos DE INFINITOS SE FAZ A ETERNIDADE 2 1.658 12/02/2009 - 01:32 Portuguese
Poesia/Dedicada POEMA 10 999 12/01/2009 - 22:45 Portuguese
Prosas/Pensamientos PEDIR DESCULPA É AGRADECER 2 817 12/01/2009 - 20:00 Portuguese
Poesia/Tristeza AGASALHO PLATÓNICO 5 1.023 11/30/2009 - 21:56 Portuguese
Poesia/Amor TEU E SÓ TEU 6 440 11/30/2009 - 21:43 Portuguese
Poesia/Meditación ENGANOS DE AMAR, ESPINHOS 6 1.423 11/30/2009 - 14:36 Portuguese
Poesia/Amor ÉS AMOR 3 830 11/30/2009 - 02:18 Portuguese
Poesia/Tristeza SEM ONDE NEM QUANDO 7 476 11/29/2009 - 22:22 Portuguese
Poesia/Amor ÉS CHAVE NO MEU ACONTECER 7 1.315 11/29/2009 - 22:19 Portuguese
Poesia/Dedicada DESCULPA MEU AMOR 7 467 11/29/2009 - 04:47 Portuguese
Poesia/Amor DÁDIVA DE UM ARCO-ÍRIS 5 536 11/28/2009 - 00:12 Portuguese
Poesia/Amor SOBRE AS NÚPCIAS DO OLHAR 8 355 11/27/2009 - 23:24 Portuguese
Poesia/Tristeza PÂNICO INCÓRPEO 5 404 11/27/2009 - 04:42 Portuguese
Poesia/Meditación NÃO É PENSAR QUE NOS LEVA, É O SONHO QUE NOS TRAZ 8 868 11/26/2009 - 12:57 Portuguese
Fotos/Naturaleza SOARES DOS REIS 4 1 2.172 11/20/2009 - 04:42 Portuguese
Poesia/Intervención INFANTICÍDIO DE BOCAS ESQUECIDAS 5 727 11/15/2009 - 14:14 Portuguese
Poesia/Aforismo SAUDADE É UMA DOR QUE SE FINGE 6 374 11/15/2009 - 13:12 Portuguese
Poesia/Amor DORMENTE INSÓNIA, AMAR 5 644 11/15/2009 - 13:10 Portuguese
Poesia/Aforismo SE... E MAS... 2 666 11/13/2009 - 14:41 Portuguese
Poesia/Amistad AMIZADE É ALMA NUA 9 1.408 11/12/2009 - 00:19 Portuguese
Fotos/Personal DO ALTO DE MIM 1 1.394 11/11/2009 - 21:53 Portuguese
Poesia/Desilusión AMAR É A LÁGRIMA QUE CHORO 10 1.629 11/10/2009 - 22:38 Portuguese
Poesia/Desilusión ADEUS A DEUS 6 969 11/10/2009 - 03:24 Portuguese