E Agora

Na rude ciranda sem cor, em que rodam as ásperas meninas,
sente-se o peso da miséria consumada e da dor acostumada.
São elas os próximos cordeiros à espera do cutelo
que as sacrificará ao Baal Capitalista
e aos seus burgueses capachos da Av. Paulista.

Giraram sonhos vãos e quimeras inúteis,
pois eis que nessa terra de coronéis,
de sacripantas de altares e madames de bordéis,
só restou outro sonho acabado
e mais um grito sufocado.

"E agora José?
E você que faz verso, que ama, protesta?
E agora?"

Venceu a chantagem, pois dizem que não é hora
de se mostrar coragem. Que tudo foi só uma bobagem.
Que os ventos de Julho apagaram toda chama
e que é imprudente ser o dono da voz que reclama.

Que nosso destino está traçado, que gostamos da tirania.
Que "Deus salve o Rei", a Direita Capitalista e a sua covardia.
Pois bem se sabe o quanto o sagrado ópio nos vicia.

Que celebremos o "4 de Julho" do Irmão do Norte,
mas não o da Bastilha, pois lá foi apenas uma desobediência
dos vândalos terroristas que fornicam em pilha.

Que oremos e que se lustrem as botas dos Ditadores,
pois serão eles os togados São Salvadores.
Que nos resignemos ao chicote,
já que aqui habita Sancho, mas não Quixote.

Que dancemos as fascistas polcas ordenadas
ao som dos clarins de todas as Alvoradas.
E cantemos, ufanos, o nosso próprio dano.
Liberdade, só por mero engano.

Dedicado ao amigo querido BATS.

Homenagem pouca ao Poeta Maior, Carlos Drummond de Andrade.
Foto captada na WEB, propositalmente desfocada em respeito ao próprio e à sua família, do jornalista Wladimir Herzog, assassinado pela Ditadura Brasileira.

Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde o Rio de Janeiro, no inverno de 2013

Submited by

Sábado, Julio 6, 2013 - 16:04

Poesia :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 8 años 25 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Tristeza A Canção de Alepo 0 7.840 10/01/2016 - 21:17 Portuguese
Poesia/Meditación Nada 0 6.539 07/07/2016 - 15:34 Portuguese
Poesia/Amor As Manhãs 0 6.614 07/02/2016 - 13:49 Portuguese
Poesia/General A Ave de Arribação 0 6.547 06/20/2016 - 17:10 Portuguese
Poesia/Amor BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE 0 8.355 06/06/2016 - 18:30 Portuguese
Prosas/Otros A Dialética 0 12.283 04/19/2016 - 20:44 Portuguese
Poesia/Desilusión OS FINS 0 7.153 04/17/2016 - 11:28 Portuguese
Poesia/Dedicada O Camareiro 0 9.194 03/16/2016 - 21:28 Portuguese
Poesia/Amor O Fim 1 6.749 03/04/2016 - 21:54 Portuguese
Poesia/Amor Rio, de 451 Janeiros 1 11.544 03/04/2016 - 21:19 Portuguese
Prosas/Otros Rostos e Livros 0 10.158 02/18/2016 - 19:14 Portuguese
Poesia/Amor A Nova Enseada 0 6.784 02/17/2016 - 14:52 Portuguese
Poesia/Amor O Voo de Papillon 0 6.118 02/02/2016 - 17:43 Portuguese
Poesia/Meditación O Avião 0 6.947 01/24/2016 - 15:25 Portuguese
Poesia/Amor Amores e Realejos 0 8.466 01/23/2016 - 15:38 Portuguese
Poesia/Dedicada Os Lusos Poetas 0 6.844 01/17/2016 - 20:16 Portuguese
Poesia/Amor O Voo 0 6.520 01/08/2016 - 17:53 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico 0 10.328 01/07/2016 - 19:31 Portuguese
Poesia/Amor Revellion em Copacabana 0 6.171 12/31/2015 - 14:19 Portuguese
Poesia/General Porque é Natal, sejamos Quixotes 0 7.975 12/23/2015 - 17:07 Portuguese
Poesia/General A Cena 0 7.498 12/21/2015 - 12:55 Portuguese
Prosas/Otros Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. 0 11.107 12/20/2015 - 18:17 Portuguese
Poesia/Amor Os Vazios 0 10.136 12/18/2015 - 19:59 Portuguese
Prosas/Otros O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. 0 9.212 12/15/2015 - 13:59 Portuguese
Poesia/Amor A Hora 0 9.967 12/12/2015 - 15:54 Portuguese