Óperas, guia para iniciantes - Parte VII - A Ópera Alemã.

 

Óperas, guia para iniciantes - Parte VII -
A Ópera Alemã.

Quando se fala em Ópera alemã é inevitável que se pense em Wagner, pois, mais que qualquer outro, ele conseguiu transpor para a Arte as características do espírito alemão. Tanto para o bem, quanto para o mal.

Suas obras são repletas de vigor ufanista, de nacionalismo, de proselitismo aos valores arianos e de uma beleza viril que quase sempre remete ao heroísmo de figuras como “Parsifal”, o jovem que salva a nação alemã.

Por causa dessas particularidades, seus críticos não lhe pouparam críticas e chegaram mesmo a considerá-lo xenófobo, racista, beligerante e quejandos. E a admiração que ele despertou em homens como Adolf Hitler, certamente, não contribui para atenuar as censuras que lhes foram e são dirigidas.

Contudo, fazendo-se uso do necessário bom-senso é preciso dar-lhe o beneficio da dúvida, já que nunca se comprovou efetivamente que ele fosse como lhe pintaram. Ademais, a rara beleza da obra que ele produziu não pode ser acusada de fomentadora de comportamentos e sentimentos equivocados e maléficos, já que a maioria de seus admiradores é composta por pessoas de bem e está muito longe da insanidade de uma minoria que o elegeu como “maestro” de suas paranoias.

As suas imensas contribuições ao universo operístico, como a introdução do conceito de “drama musical*” demonstram a importância que seu trabalho teve para o aprimoramento dessa expressão cultural, enquanto que a majestosa beleza de sua obra “Tristão e Isolda”, que inaugurou esse estilo, mostra o quanto a Ópera seria menor, se não tivesse contado com a sua genialidade.

Porém, nem só de Wagner a Ópera alemã é composta; pois, de brilho similar, outros nomes também cintilam nesse universo, como, por exemplo, Richard Strauss (1864-1949); Henrich Marschner (1795-1861); Louis Spohr (1784-1859); Carl Maria Von Weber (1786-1826) que iniciou a ópera romântica alemã com a obra “Der Freischutz”, considerada a primeira genuinamente nacional e, principalmente, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), um dos pioneiros no gênero e cujas obras permanecem na atualidade como uma das mais apreciadas pelo público e pela crítica especializada. Aliás, foi em sua obra, “A Flauta Mágica”, que o estilo Singspiel, tipicamente alemão, surgiu e desde então serviu como a base para toda a expressão artística posterior.

Vê-se, portanto, que esses homens honraram as melhores tradições culturais alemãs e fizeram uma Ópera que a todos encanta, através de seus enredos que em geral abordam temas folclóricos, mitológicos e fabulosos, que são tratados com solene profundidade e intensidade.

São criações que não podem ser classificadas como “Trágicas” ou “Cômicas” por não serem centradas em tragédias ou em vicissitudes hilariantes, já que os seus temas ultrapassam essa rasa dicotomia.

Por outro lado, outra característica que lhes é comum, quando as histórias falam de amor, é a presença quase certa de finais felizes. De futuros harmoniosos e de esperanças renovadas. Uma compensação para o rigor das outras temáticas?

Por fim, cumpre louvar essa corrente operística que se desvinculou o máximo possível da raiz italiana para poder contar as coisas de sua gente e o fez com muito brilho.


§§§

Na sequência abordaremos as óperas feitas e executadas no Brasil e em Portugal.

Nota do Autor* – o “drama musical” fez com que a Ópera deixasse de ser apresentada em segmentos e se tornasse um fluxo contínuo, sem divisões em Arias, Duetos, Tercetos etc.

Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.

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Viernes, Enero 23, 2015 - 19:46

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