PARAR É MORRER

Parar é morrer

 

E quero ir sempre vivendo e mexendo,

Para ficar em silêncio eu tenho muito tempo,

A eternidade espera por mim,

Quando eu já não andar por aqui,

Pois sempre soube que parar é morrer,

E por isso eu sei que me devo mexer.

 

A minha mente deve sempre pensar,

As minhas pernas devem sempre andar,

Com as minhas mãos eu quero prender,

Tudo o que é meu, é o meu dever,

Ir amando a vida que não é para sempre,

Vivendo e usando o tempo contente.

 

Quero viver e não perder o amor,

Com a minha dignidade que me dá valor,

Não quero ficar a olhar para o céu,

Pensando que a minha alma já se perdeu,

Quero olhar para a terra e para o chão,

Sem pisar o meu próprio coração.

 

Quero brincar e rir enquanto eu puder,

Ser criança de vez em quando e mexer,

Não quero deixar que o tempo me vença,

É assim que a minha mente pensa,

Não quero chorar por ter chegado a ancião,

Mas ficar contente por ir pisando o chão.

 

Quero ser eu sem perder o meu eu,

Pensando e mexendo no que é meu,

Criando, inventando para não parar,

Não quero ficar sentado apenas a pensar,

Que o meu tempo já passou,

E que por ser ancião já tudo acabou.

 

Quero mexer-me e viver sempre pensando,

Mas ir parando de vez em quando,

Tendo atenção ao meu tempo e à idade,

Sempre mexendo e tendo vaidade,

Por ser ancião e ainda ir sempre mexendo,

E abrindo os olhos para o mundo que vou vendo.

 

 

 

 Tavira, 28 de Março de 2012-Estêvão

 

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Miércoles, Marzo 18, 2015 - 11:59

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José Custódio Estêvão

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