Uma mão cheia de história
Trago, dentro de uma mão, a cheia e na outra vaza, um coração
Paisagem que creio ser feito dos areais granulosos dos extremos
E única a razão dos meus desassossegos extensos.
E os vidros simbióticos das janelas dos comboios, só uma ida,
Se me dizem que “o amanhã não existe” é só o mar em roda, …
O mar em roda dos carris e o que me abraça a visão
Do país do verde solvente e do cais da bruma cega,
Tão abstractos e secretos como a textura dos meus versos.
Ninguém perguntou se-me-quero-dono desses segredos nus,
Sejam-o-que-forem, é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
(Dizem-me das Tágides e dos nómadas veleiros cavalgando céus)
O silêncio fabrico-o eu e minto-o e invejo-o e invento-o,
Porquanto não o avisto, na vasta paisagem, a erguer nos braços
O poente que na noite preta, já se pensou navegar
Dou por mim no wagon-lit, mão vazia, sem posse nem pensar.
A pior névoa provém do pensamento, neve branca
Esquecida em pó de cal, assim é o meu país indeciso
Entre o sol e o sal, anónimo como a multidão sem alma,
Traz numa mão a história na outra a falsa e triste esperança.
Jorge Santos (01/2011)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 799 reads
Add comment
other contents of Joel
Tema | Título | Respuestas | Lecturas | Último envío | Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/General | Ou esta tampouco … | 7 | 541 | 02/23/2018 - 10:27 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Verde … | 8 | 1.256 | 02/23/2018 - 10:24 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Profundamente … | 3 | 1.086 | 02/23/2018 - 10:21 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Nada sou … | 5 | 280 | 02/23/2018 - 10:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Autographya | 6 | 670 | 02/23/2018 - 10:17 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Seda negra. | 4 | 3.151 | 02/23/2018 - 10:15 | Portuguese | |
Prosas/Otros | O Transhumante Ou “Versus de Montanya Mayor” | 4 | 3.698 | 02/23/2018 - 10:14 | Portuguese | |
Prosas/Lembranças | Mad’in China | 2 | 3.108 | 02/23/2018 - 10:12 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Falar não tenho, | 3 | 716 | 02/23/2018 - 10:12 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Dizei que rio … | 3 | 668 | 02/23/2018 - 10:11 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Invejo aquele que nasce e não morre, o Tejo … | 5 | 1.171 | 02/23/2018 - 10:07 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sem estar, s’tou … | 2 | 1.148 | 02/23/2018 - 10:05 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sinto saudade do que não sou ... | 2 | 631 | 02/23/2018 - 10:04 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Às vezes | 2 | 457 | 02/23/2018 - 10:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Em que tons te tinges hoje, nua… | 2 | 239 | 02/23/2018 - 10:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tão tanto … | 2 | 1.704 | 02/23/2018 - 10:02 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Fim de sessão … | 2 | 889 | 02/23/2018 - 10:01 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | M’inunda o mar na terra … | 2 | 286 | 02/23/2018 - 10:01 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Nem no mundo do fim do mundo há o fim dum todo… | 1 | 332 | 02/23/2018 - 10:00 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Licença pra entender | 2 | 979 | 02/23/2018 - 09:58 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Leve, a emoção | 1 | 379 | 02/23/2018 - 09:57 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O sabor da terra … | 1 | 1.061 | 02/23/2018 - 09:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Duvido de tudo que dos olhos vem … | 1 | 410 | 02/23/2018 - 09:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Perdoa tanto, tampouco … | 1 | 665 | 02/23/2018 - 09:55 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Alma e lírica … | 2 | 378 | 02/23/2018 - 09:54 | Portuguese |
Comentarios
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa
é ao inaudível cheiro da
é ao inaudível cheiro da terra que pertenço,
Batendo, batendo dedentro dum inexacto e disléxico Malhoa